terça-feira, 21 de março de 2006

Governo do Hamas reúne radicais e tecnocratas

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, deve aprovar a formação do novo governo articulado pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), grande vencedor das eleições palestinas. No domingo, 19 de março, o primeiro-ministro designado Ismail Haniya apresentou sua lista de ministros.

Sem o apoio da Fatah, de Abbas, e dos demais partidos da Organização para a Libertação da Palestina, sob pressão dos Estados Unidos e de Israel, o Hamas conta com sua maioria de 74 dos 132 deputados do parlamento palestino para dar sustentação ao governo. Também espera ajuda árabe caso os EUA e a União Européia cortem a ajuda e Israel não transfira o dinheiro dos impostos que arrecada em territórios palestinos, alegando que o Hamas é uma “entidade terrorista”.

No programa do Hamas, “a resistência em todas as suas formas é um direito legítimo”. O movimento nega-se a abandonar a luta armada e reconhecer Israel. Não fez acordo com os partidos da OLP porque não aceita os acordos assinados por Israel. Para os lideres do Hamas, isto equivaleria a reconhecer Israel e a ocupação dos territórios palestinos.

Entre os ministros descritos como mais moderados, está Nasser Edin Chaer, professor de estudos islâmicos educado em Londres. Será vice-primeiro-ministro para a Cisjordânia e ministro da Educação. Acaba de passar cinco meses numa prisão israelense. Cerca de mil ativistas foram detidos antes das eleições palestinas.

O ministro do Interior, encarregado de comandar uma força policial de 70 mil homens, vários deles do Fatah e de outras facções palestinas, será Said Siam, um dos lideres fundamentalistas mais moderados de Gaza.

Omar Abdel Razek, professor da Universidade de An Najah, na Cisjordânia, ocupará o cargo vital de ministro da Fazenda. Ele saiu de uma prisão israelense há seis dias.

Para ministro do Exterior, Haniya indicou Mahmoud Zahar, dirigente mais radical e agressivo. Mas Abbas pode entender que a política externa é uma prerrogativa do presidente. Como principal responsável pelas negociações com Israel, pode negociar um nome mais moderado.

Dos 24 ministros, 10 moram na Faixa de Gaza, entre eles uma mulher, a ministra dos Assuntos da Mulher, e um cristão. Os outros 14 vivem na Cisjordânia, o que vai exigir que o governo se reúna por teleconferência.

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