terça-feira, 14 de março de 2006

China quer reduzir crescimento e combater problemas sociais

Depois de meia década com taxas de crescimento espetaculares em torno de 10% que fizeram da China a quarta economia mundial, atrás apenas dos Estados Unidos, do Japão e da Alemanha, o regime comunista chinês fixou em 7,5% a meta de crescimento anual até 2010. As maiores preocupações são aumentar a eficiência e combater os problemas sociais. Se o desenvolvimento acelerado tirou da miséria 400 milhões de chineses, 150 milhões ainda vivem abaixo da linha de pobreza absoluta e as disparidades sociais aumentaram. Um novo plano foi anunciado recentemente para combater a pobreza no campo.

Nesta terça-feira, o primeiro-ministro Wen Jiabao apresentou o 11º plano qüinqüenal, aprovado por 97% dos 2.891 deputados do Congresso Nacional do Povo. Entre outros objetivos, o governo chinês quer mais eficiência energética e menos poluição. Hoje, das 10 cidades mais poluídas do mundo, sete ficam na China.

Como a China é hoje o terceiro maior exportador mundial e grande consumidora de petróleo, minério de ferro, carvão e cobre, uma desaceleração da economia chinesa terá impacto sobre o mundo inteiro.

“É uma grande mudança de política econômica, do desenvolvimento urbano e de investimento pesado em projetos bilionários para investimentos no campo e em ciência e tecnologia para promover o desenvolvimento sustentável”, declarou Li Chongan, presidente da Comissão de Justiça do parlamento chinês.

O ministro previu expansão de 8% este ano, abaixo das estimativas internacionais. A taxa de crescimento oficial no ano passado foi de 9,9%, com forte aumento do setor de serviços. Em 2005, o produto interno bruto chinês foi de US$ 2,2 trilhões e a renda média por habitante de US$ 1,7 mil, em termos nominais. Pelo critério de paridade do poder de compra, a economia chinesa seria a segunda do mundo, com PIB de US$ 5 a 6 trilhões.

Este crescimento acelerado aumentou as desigualdades sociais. Para o economista Andy Xie, da filial do banco de investimentos Morgan Stanley em Hong Kong, o governo precisa estimular o consumo interno para combater as disparidades sociais e evitar conflitos comerciais.

Os problemas sociais estarão no centro das discussões ideológicas da atual sessão do parlamento chinês. A velha guarda comunista vai insistir no resgate dos princípios do maoísmo, desafiando os reformistas que consideram com razão que o desenvolvimento capitalista é irreversível e a única maneira de manter o PC chinês no poder. O mercado vencerá.

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