Mais de 500 mil pessoas, 1,5 milhão segundo a Confederação Geral do Trabalho (CGT), protestaram neste sábado nas ruas de pelo menos 160 cidades francesas, na terceira jornada de manifestações contra a lei do primeiro emprego. Cresce a pressão contra o primeiro-ministro conservador Dominique de Villepin, autor da proposta que admite a demissão sem justa causa de jovens no primeiro contrato de trabalho numa tentativa de combater o desemprego.
“Se o governo não ceder diante desta manifestação, convocaremos uma greve geral e manifestações todas as terças e quintas”, desafiou o líder estudantil Philippe Jamin. Os lideres sindicais e estudantis exigem a revogação da lei. Como ela já foi aprovada pelo parlamento, seria um recuo humilhante para o governo, capaz de derrubar o primeiro-ministro, que pretende concorrer à Presidência em 2007.
Em Paris e várias outras cidades, houve violentos choques entre manifestantes e a policia, com fogo, garrafas paus e pedras, lembrando a Revolução dos Estudantes, em maio de 1968, quando foram erguidas barricadas no centro da capital francesa. Pelo menos quatro policiais e 12 manifestantes saíram feridos. Cerca de 60 pessoas foram presas.
“Joguem fora o primeiro emprego! Não joguem fora os jovens!”, gritavam os manifestantes. Os estudantes reclamam da precariedade do contrato do primeiro emprego e os sindicalistas temem que as empresas demitam trabalhadores experientes para contratar jovens sem maiores garantias trabalhistas. Na opinião da professora universitária Nabila Ramdani, “a lei prejudica direitos e a segurança no trabalho, colocando em questão a tradição francesa do emprego seguro”.
A lei foi proposta depois da onda de protestos de jovens de origem estrangeira, sobretudo magrebinos do Norte da África, em outubro e novembro do ano passado. O desemprego entre os jovens franceses é de 23%, chegando a 40% na periferia das grandes cidades.
Uma pesquisa do Journal de Dimanche indica que 61% dos franceses estão descontentes com Villepin, contra 54% em fevereiro. Os muito insatisfeitos passaram de 15% para 25%. Só 37% apóiam o primeiro-ministro e 60% estão descontentes também com o presidente Jacques Chirac.
Os analistas econômicos sabem que o problema está na dificuldade de adaptação da economia francesa diante dos desafios da globalização. “As pessoas querem mudanças mas têm medo”, comentou a pesquisadora Carine Marce.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário