Um terrorista suicida se denotou no sábado às 11h da noite no meio de uma festa de casamento com mil convidados em Cabul, a capital do Afeganistão. Pelo menos 63 pessoas morreram e outras 180 saíram feridas. A organização terrorista Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pelo ataque.
O pior atentado terrorista do ano acontece no momento em que os Estados Unidos negociam a paz com a milícia fundamentalista dos Talebã (Estudantes), que governou o país como um emirado islâmico totalitário de 1996 até outubro de 2001, quando uma intervenção americana atacou as bases da rede terrorista Al Caeda e derrubou o regime fundamentalista muçulmano que a acolhia.
Ao reagir ao ataque, o principal negociador americano, Zalmay Khalilzad, defendeu a "aceleração do processo de paz afegão, inclusive das negociações intra-afegãs. O sucesso vai colocar os afegãos numa posição muito mais forte para enfrentar o Estado Islâmico."
Os Talebã condenaram o "ataque brutal", mas fazem ações semelhantes. Meses atrás, explodiu um carro-bomba que deixou 45 mortos e outros 145 feridos.
A Guerra do Afeganistão é a mais longa da história dos EUA. Os dois governos eleitos com o apoio de Washington não conseguiram vencer a guerra nem com a ajuda militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos EUA, a OTAN aplicou pela primeira vez a cláusula do Tratado de Washington que estabelece que um ataque contra qualquer país-membro é um ataque contra todos e participou da guerra no Afeganistão.
Este país está em guerra desde a invasão soviética de 1979, um dos marcos do início da Segunda Guerra Fria. Os EUA, a Arábia Saudita, a China e o Paquistão financiam, armam e treinam a revolta muçulmana contra o invador para fazer do Afeganistão o Vietnã da União Soviética.
Os chamados árabes afegãos, liderados por Ossama ben Laden, fundaram em 1988 a rede terrorista Al Caeda, que depois da vitória sobre a URSS decidiu atacar também os EUA, em parte pela presença de tropas americanas no solo sagrado para os muçulmanos da Arábia Saudita depois da invasão do Kuwait pelo Iraque de Saddam Hussein, em 2 de agosto de 1990.
Ben Laden ofereceu seus homens para proteger o reino de um possível ataque de Saddam, mas o sultão preferiu pedir ajuda militar aos EUA. Os jihadistas nunca aceitaram a presença militar americana.
O Estado Islâmico nasceu como Al Caeda no Iraque, mas depois rompeu com a rede terrorista e tentou criar seu próprio império do terror durante a guerra civil na Síria.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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