Em resposta ao tarifaço de 10% sobre US$ 300 bilhões em importações anuais da China anunciado pelo presidente Donald Trump na sexta-feira passada, o governo chinês decidiu hoje parar de comprar produtos agrícolas dos Estados Unidos e pode impor tarifas aos que já comprou.
"Esta foi uma séria violação do [que ficou acertado no] encontro dos chefes de Estado dos EUA e da China", declarou o Ministério do Comércio em Beijim, ao justificar a medida, mais uma escalada na guerra comercial entre as duas maiores potências econômicas.
Terceiro maior país do mundo em área e primeiro em população, a China teve dificuldade para alimentar sua população, hoje de 1,4 bilhão de habitantes. Com o desenvolvimento econômico, tornou-se a maior importadora mundial de alimentos.
Os Estados Unidos são o maior exportador mundial de alimentos e o Brasil é o segundo. Em curto prazo, o Brasil pode se beneficiar da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. A longo prazo, é melhor para a economia mundial que americanos e chineses se entendam.
Neste caso, uma das exigências dos EUA será que a China compre mais produtos agrícolas americanos. Por isso mesmo, a agricultura foi escolhida como arma da retaliação chinesa. Os produtores agrícolas e as zonas rurais são bases eleitorais importantes para a reeleição de Trump em 2020.
A China tem paciência estratégica. Decidiu não ceder diante do blefe de Trump. Está disposta a bancar o jogo pesado e arrastar as negociações. Parece pronta a desistir de Trump e a apostar na vitória do candidato do Partido Democrata na próxima eleição.
O comportamento errático do presidente americano irritou os chineses, que exigem o tratamento como parceiros do mesmo nível. Não aceitam mais se curvar diante de outras potências.
Para agravar ainda mais o conflito, o Tesouro dos EUA acusou a China de manipular o câmbio, por causa de uma desvalorização de 1,9% no yuan, a moeda chinesa, o que Trump considerou uma desvalorização competitiva para dar vantagens comerciais ao país.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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