sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Governo e oposição assinam acordo de paz em Moçambique

O presidente Filipe Nyusi, da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Ossufo Momade, assinaram ontem um acordo de paz para evitar a volta da guerra civil a este país da África Austral. 

Se a paz entre os dois inimigos histórico for finalmente alcança, Moçambique poderá se concentrar na luta contra uma crescente rebelião de extremistas muçulmanos no Norte do país.

O sucesso do acordo depende da desmobilização ou integração às Forças Armadas de 5 mil milicianos da Renamo. Isto não aconteceu em acordos de paz anteriores por desconfiança dos rebeldes quanto às reais intenções do governo.

Afonso Dhlakama, líder histórico da Renamo, falecido em 3 de maio de 2018, nunca depôs as armas. Sua morte enfraqueceu o grupo, que luta para se manter politicamente relevante como eterno partido de oposição que nunca chegou ao poder.

A Renamo nasceu em 1975 como uma organização anticomunista para se contrapor à Frelimo, que governa o país desde a independência de Portugal, alguns meses antes, naquele mesmo. Foi criada pela Organização Central de Inteligência da Rodésia, hoje Zimbábue, na época governada por uma ditadura da minoria branca no modelo do regime do apartheid na África do Sul.

O ditador branco Ian Smith queria impedir que Moçambique servisse de refúgio para os rebeldes negros da União Nacional Africana do Zimbábue, que lutavam contra o regime segregacionista da minoria branca e conquistariam a vitória em 1980, sob a liderança de Robert Mugabe.

Em plena Guerra Fria, o governo de Samora Machel, da Frelimo, era aliada da União Soviética, do Congresso Nacional Africano, que lutava contra o apartheid na África do Sul, e dos rebeldes do Zimbábue, enquanto as ditaduras da minoria branca eram aliadas do Ocidente até começarem a ser alvo de sanções internacionais contra seus regimes racistas.

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