Num recuo significativo, o presidente Donald Trump anunciou ontem que vai suspender até dezembro o tarifaço de 25% sobre produtos importados da China num valor de US$ 156 bilhões no ano passado, inclusive computadores pessoais, telefones celulares, brinquedos e roupas, a pretexto de não estragar o Natal dos americanos. Na realidade, está preocupado com o impacto da guerra comerciais sobre o mercado financeiro e a economia como um todo.
Ao fazer isso, Trump reconhece implicitamente que quem paga pelos tarifaços é o consumidor americano, embora evidentemente as fábricas chinesas produzam menos sem a voracidade do consumismo dos Estados Unidos.
O recuo veio depois de uma conversa telefônica, na terça-feira, do vice-primeiro-ministro chinês encarregado das negociações, Liu He, com o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer.
Em entrevista em Nova Jérsei, Trump declarou ter adiado o tarifaço contra certos produtos para proteger os consumidores "na época do Natal". Acrescentou ser um sinal de que "eu realmente quero fazer um acordo".
Depois do fracasso de uma reunião dos mesmos negociadores em Xangai, na China, em 29 de julho, Trump revelou a intenção de aplicar tarifas de 10% sobre produtos importados chineses num valor de US$ 300 bilhões no ano passado, a partir de 1º de setembro.
Outros produtos fabricados na China, no valor de US$ 250 bilhões em importações dos EUA em 2018, já estão sujeitos a tarifas de 25%. Para agravar a crise, quando a moeda chinesa, o iuane ou yuan, caiu abaixo de sete iuanes por dólar, os EUA acusaram a China de manipular o câmbio.
A escalada na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo e o risco de uma guerra cambial abalaram os mercados financeiros. Numa fuga para papéis mais seguros, os investidores venderam ações e compraram títulos da dívida pública de países ricos, especialmente dos EUA. O ouro e o dólar subiram.
Se Trump está preocupado em reduzir o colossal déficit dos EUA no comércio de bens, que chegou a US$ 891 bilhões em 2018, as crises que produz acabam fortalecendo a moeda americana e diminuindo a competitividade internacional da indústria americana, que pretende restaurar.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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