Depois do nono fim de semana seguido de manifestações, cerca de 500 mil pessoas de 20 setores da economia aderiram à greve geral convocada para hoje em Hong Kong em protesto contra a interferência crescente do regime comunista chinês na administração do território, considerado uma região administrativa especial dentro da República Popular da China.
Durante a manhã desta segunda-feira, cerca de 230 voos foram cancelados. Com a paralisação dos controladores de voo, uma pista do aeroporto internacional de Hong Kong está fechada até 6h de terça-feira pela horal local (19h de hoje em Brasília). Só 34 voos foram autorizados a decolar, a metade do normal, informou o jornal local South China Morning Post.
As companhias aéreas de Hong Kong (Cathay Pacific, Cathay Dragon, HK Express e Hong Kong Airlines) aconselham os passageiros a se certificar de que seus voos estão confirmados antes de se dirigir ao aeroporto.
Os militantes entraram nas estações de metrô e tentaram impedir o fechamento das portas dos vagões para parar os trens.
Esta é a crise mais greve desde que o Reino Unido devolveu Hong Kong à China, em 1º de julho de 1997. Os protestos começaram contra um projeto de lei para autorizar a extradição de residentes em Hong Kong para responder a processos na China continental.
Agora, os manifestantes também exigem a renúncia da governadora Carrie Lam, indicada por Beijim, e eleições diretas para governador e para o Conselho de Legislativo, o parlamento de Hong Kong. É praticamente impossível que o regime comunista aceite tais demandas. Seria um avanço rumo a uma democracia que não interessa à ditadura militar de Beijim e um sinal para a China, onde não existem liberdade de expressão e de manifestação.
No sábado, houve mais confrontos violentos quando a polícia reprimiu a manifestação popular. Pelo menos 44 pessoas foram presas. Os moradores de Hong Kong travam um duelo com o governo central da China capaz de provocar uma repressão violenta.
A ditadura comunista chinesa não costuma ceder diante de manifestações pela democracia. Hong Kong não quer abrir mão das liberdades democráticas conquistadas como colônia britânica. A China prometeu manter a situação no território durante 50 anos dentro do esquema "um país, dois sistemas", também criado tendo em vista a reintegração de Taiwan, que Beijim considera uma província rebelde.
Se usar a violência e o Exército Popular de Libertação para reprimir os protestos, como pede a linha dura comunista, a China compromete o prestígio de Hong Kong como centro financeiro internacional, muito importante para canalizar dinheiro para o extraordinário desenvolvimento econômico chinês das últimas. E envia um sinal errado para Taiwan.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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