O governo nacionalista hindu da Índia mandou 35 mil policiais militares para Jamu e Caxemira, o estado mais ao norte do país, onde desde 1989 há uma rebelião armada da maioria muçulmana, que gostaria de anexar a região ao Paquistão. O Ministério do Interior indiano descreveu o envio das forças como uma "operação normal".
Mesmo que a Índia declare que o movimento de tropas é uma "operação normal", o Paquistão, inimigo histórico, deve dar uma resposta aumentando seu contingente do outro lado da fronteira.
A Caxemira está no centro do conflito histórico entre a Índia e o Paquistão, que travaram três guerras desde a independência do Império Britânico, em 1947, duas em torno da Caxemira, em 1947 e 1962.
A guerra de 1971 levou à independência de Bangladesh, a República de Bengala, antes chamada de Paquistão Oriental, e ainda houve o conflito de Kargil, em 1999, que alguns consideram uma guerra, mas limitada àquela região.
Quando a Índia se dividiu, os estados de maioria muçulmana formaram o Paquistão e as regiões de maioria hindu formaram a Índia. Entre 10 a 12 milhões de pessoas foram desalojadas e se mudaram. Ao todo, estima-se que 2 milhões de pessoas tenham morrido na divisão da Índia.
Os dois inimigos históricos têm a bomba atômica. A Índia fez seu primeiro teste nuclear em 1974 e o Paquistão em 1975. Em maio de 1998, ambos assumiram o status de potência nuclear testando bombas e mísseis na corrida armamentista no Sul da Ásia.
Como uma guerra total hoje seria devastadora, a dissuasão nuclear evita uma escalada nos conflitos. A Índia reclama que o Paquistão apoia grupos extremistas muçulmanos que travam uma guerra indireta, especialmente na Caxemira, onde há uma insurgência muçulmana desde 1989. O Paquistão cobra a realização de um plebiscito sobre o futuro da região.
Ao receber o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, na Casa Branca, o presidente Donald Trump ofereceu a mediação dos Estados Unidos para resolver o conflito. Como parte mais forte, a Índia se recusa a internacionalizar a questão. Só aceitar discutir bilateralmente com o Paquistão e rejeita qualquer possibilidade de ceder parte de seu território.
Em fevereiro deste ano, um atentado terrorista de um grupo baseado no Paquistão matou 40 policiais indianos em Pulwama, em Jamu e Caxemira. A poucos meses das eleições, o primeiro-ministro nacionalista hindu Narendra Modi ordenou um bombardeio aéreo, supostamente nos acampamentos da milícia Jaish-e-Mohamed, o Exército de Maomé, responsável pelo ataque.
O Paquistão retaliou, derrubou um avião indiano e capturou o piloto. Mas não passou disso. Logo o conflito foi desarmado. Mas a tensão entre os dois inimigos históricos armados com bombas atômicas é uma ameaça permanente.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário