terça-feira, 6 de agosto de 2019

Índia revoga a autonomia da Caxemira e aumenta tensão com o Paquistão

O governo nacionalista hindu da Índia suprimiu ontem a autonomia do estado de Jamu e Caxemira, onde a população de maioria muçulmana gostaria de anexar a região, disputada desde a independência do Império Britânico, em 1947, com o vizinho Paquistão.

"A Constituição será aplicada integralmente em Jamu e Caxemira", anunciou o ministro do Interior, Amit Shah, privando o estado de fazer suas próprias leis. A medida foi tomada depois que a Índia mandou 35 mil policiais militares para a região, descrevendo este envio como uma "operação normal".

Ontem, para evitar uma reação, a Índia cortou a internet e os telefones em Jamu e Caxemira e colocou líderes políticos locais em prisão domiciliar.

A iniciativa do governo Narendra Modi indignou o Paquistão: "Como parte deste contencioso internacional, o Paquistão empregará todos os meios possíveis para ir contra este decisão ilegal", deplorou em nota o Ministério do Exterior paquistanês.

Centenas de pessoas protestaram em Lahore, a grande cidade do Leste do Paquistão. Desde 1947, Índia e Paquistão travaram quatro guerras, sendo três sobre a Caxemira, o principal motivo da discórdia.

Quando os dois países se tornaram independentes, as regiões de maioria hindu formaram a Índia e as regiões de maioria muçulmana, o Paquistão. Pelo menos 2 milhões de pessoas morreram e 10 milhões emigraram para ficar do lado certo da fronteira.

Na Caxemira, o governador colonial, o marajá Hari Singh, optou pela Índia, apesar da maioria muçulmana, origem do conflito que se arrasta até hoje entre dois países que têm armas nucleares.

Analistas internacionais acreditam que a decisão da Índia de revogar a autonomia da Caxemira foi tomada depois da oferta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de mediar o conflito. A Índia se nega internacionalizar o que considera um problema interno. Só admite negociar bilateralmente com o Paquistão, sem qualquer interferência externa.

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