O governo nacionalista hindu da Índia suprimiu ontem a autonomia do estado de Jamu e Caxemira, onde a população de maioria muçulmana gostaria de anexar a região, disputada desde a independência do Império Britânico, em 1947, com o vizinho Paquistão.
"A Constituição será aplicada integralmente em Jamu e Caxemira", anunciou o ministro do Interior, Amit Shah, privando o estado de fazer suas próprias leis. A medida foi tomada depois que a Índia mandou 35 mil policiais militares para a região, descrevendo este envio como uma "operação normal".
Ontem, para evitar uma reação, a Índia cortou a internet e os telefones em Jamu e Caxemira e colocou líderes políticos locais em prisão domiciliar.
A iniciativa do governo Narendra Modi indignou o Paquistão: "Como parte deste contencioso internacional, o Paquistão empregará todos os meios possíveis para ir contra este decisão ilegal", deplorou em nota o Ministério do Exterior paquistanês.
Centenas de pessoas protestaram em Lahore, a grande cidade do Leste do Paquistão. Desde 1947, Índia e Paquistão travaram quatro guerras, sendo três sobre a Caxemira, o principal motivo da discórdia.
Quando os dois países se tornaram independentes, as regiões de maioria hindu formaram a Índia e as regiões de maioria muçulmana, o Paquistão. Pelo menos 2 milhões de pessoas morreram e 10 milhões emigraram para ficar do lado certo da fronteira.
Na Caxemira, o governador colonial, o marajá Hari Singh, optou pela Índia, apesar da maioria muçulmana, origem do conflito que se arrasta até hoje entre dois países que têm armas nucleares.
Analistas internacionais acreditam que a decisão da Índia de revogar a autonomia da Caxemira foi tomada depois da oferta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de mediar o conflito. A Índia se nega internacionalizar o que considera um problema interno. Só admite negociar bilateralmente com o Paquistão, sem qualquer interferência externa.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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