quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Israel veta visita de deputadas americanas sob pressão de Trump

Sob pressão do presidente Donald Trump, o governo de Israel proibiu uma visita ao país e aos territórios árabes ocupados de duas deputadas muçulmanas de origem árabe da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.

O primeiro-ministro linha-dura de Israel, Benjamin Netanyahu, havia concordado com a visita por serem deputadas do Congresso dos EUA. Ao mudar de ideia, sob pressão de Trump, que alegou ser um sinal de fraqueza, Netanyahu declarou que "Israel está aberto a críticas, não a boicotes".

Seu ministro do Exterior, Israel Katz, justificou a medida "devido a seu flagrante apoio ao boicote ao Estado de Israel, ao terrorismo contra Israel e a minimizar o Holocausto." Omar, que reconhece Israel como a única democracia do Oriente Médio, considerou a decisão "arrepiante" e "antidemocrática".

As deputadas Ilhan Omar e Rashida Tlaib apoiam o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), que defende o fim da ocupação dos territórios árabes, igualdade entre cidadãos israelenses de origem árabe e de origem judaica, e o direito de retorno dos palestinos expulsos de suas terras desde a fundação de Israel, em 1948.

O principal grupo de pressão a favor dos interesses israelenses nos EUA, a AIPAC (Comitê de Assuntos Públicos EUA-Israel), criticou a decisão de Netanyahu, afirmando que, embora seja contra a atuação das deputadas, entende deveriam ter o direito de ver pessoalmente a situação.

Em campanha para as eleições de 17 de setembro e em empate técnico nas pesquisas de opinião, o primeiro-ministro israelense preferiu ficar ao lado do aliado Trump, que escolheu quatro deputadas da ala mais à esquerda do Partido Democrata como inimigas e tenta apresentá-las como a verdadeira face da oposição.

O apoio a Israel é uma das poucas causas que tem apoio dos dois grandes partidos dos EUA. Historicamente, o Partido Democrata era mais favorável a Israel. Isto começou a mudar quando o presidente Ronald Reagan (1981-89) atraiu os evangélicos pentecostalistas, que costumavam não votar, para o Partido Republicano forjando uma aliança da direita religiosa cristã com Israel.

Ao acusar o Partido Democrata de ser anti-israelense, Trump ameaça romper o consenso bipartidário dos EUA em apoio a Israel. O Estado de Israel sai perdendo.

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