A Lok Sabha, a Câmara dos Deputados da Índia, aprovou ontem a divisão do estado de Jamu e Caxemira em dois territórios federais, rebaixando-os e colocando-os sob administração direta do governo central. O Senado havia aprovado o projeto na véspera.
Depois de uma vitória esmagadora nas eleições de abril e maio passados, o primeiro-ministro nacionalista hindu Narendra Modi e o Partido Bharatiya Janata (BJP) decidiram levar adiante o antigo projeto de integrar totalmente a região da Caxemira na união federal da Índia.
Na segunda-feira, o governo indiano havia revogado a autonomia regional do estado de Jamu e Caxemira, sob protestos do vizinho Paquistão, que reivindica a soberania sobre a região, onde a maioria da população é muçulmana.
Desde a independência do Império Britânico e da divisão do país, Índia e Paquistão disputam a região da Caxemira, objeto de três guerras entre os inimigos históricos, em 1947, 1965 e 1999. Na separação, as regiões de maioria hindu formaram a Índia e as áreas de maioria muçulmana, o Paquistão.
Na Caxemira, apesar da maioria muçulmana, o último governador imperial, marajá Hari Singh, optou por aderir à Índia, gerando esta guerra sem fim entre dois vizinhos que hoje têm armas nucleares. O Paquistão cobra a realização de um plebiscito, mas a Índia não admite a possibilidade de ceder parte de seu território.
Antes do anúncio, Modi enviou 35 mil policiais militares a Jamu e Caxemira. Vários líderes políticos locais foram colocados em prisão domiciliar. Muita gente hoje na região defende a independência da Caxemira para sair do fogo cruzado deste conflito indo-paquistanês. A situação é tensa e o Paquistão vai reagir.
Desde 1989, uma facção do movimento muçulmano para tirar a Caxemira da Índia aderiu à luta armada. O poderoso Serviço de Inteligência das Forças Armadas do Paquistão arma vários grupos armados extremistas numa guerra indireta com a Índia.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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