Na quarta tentativa, o médico conservador e ex-diretor do sistema penitenciário Alejandro Giammattei, do partido Vamos por uma Guatemala Diferente (Vamos), foi eleito ontem presidente da Guatemala no segundo turno de votação. Com mais de 95% das urnas apuradas, ele tinha 1.857.035 votos (59%) contra 1.297.703 (41%) para a ex-primeira-dama Sandra Torres, da Unidade Nacional da Esperança (UNE).
A participação foi fraca. Pouco mais de 40% dos eleitores guatemaltecos votaram no segundo turno. O novo presidente e seu vice, Guillermo Reyes, tomam posse em 14 de janeiro de 2020.
Giammattei é o segundo presidente da Guatemala a ganhar no segundo turno depois de ficar em segundo lugar no primeiro. O primeiro foi Jorge Serrano Elías, do Movimento de Ação Solidária (MAS), em 1990.
Conservador, Giammattei é contra o aborto, contra o casamento gay, a favor da pena de morte e do uso do Exército na segurança interna. Esta última é uma questão extremamente delicada por causa do papel do Exército na violenta repressão durante a Guerra Fria, quando se estima que entre 150 e 200 mil pessoas foram mortas desde o golpe militar de 1954, apoiado pela Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos, até o fim da guerra civil, em 1996.
Depois da Colômbia, a Guatemala é o país com o maior número de mortos na América Latina nas guerras civis da Guerra Fria. Como tem uma população muito menor, foi o palco da maior tragédia humanitária no continente durante a confrontação estratégica entre os EUA e a União Soviética.
O novo presidente guatemalteco prometeu renegociar o acordo feito pelo atual, Jimmy Morales, com os EUA para tornar a Guatemala um "terceiro país seguro". O objetivo do presidente Donald Trump é obrigar os candidatos a asilo político nos EUA a pedir para ficar na Guatemala ou no México.
Morales assinou o acordo, considerado inconstitucional pelo Tribunal Constitucional da Guatemala. Trump ameaça sobretaxar os produtos importados da Guatemala se o acordo for rompido.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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