O governo e os rebeldes da Síria devem se reunir a partir de sexta-feira em Genebra, na Suíça, para discutir a paz na violenta guerra civil que, em dois anos e dez meses, matou mais de 100 mil pessoas de acordo com as Nações Unidas, 130 mil pelos cálculos do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, anunciou o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, no fim do primeiro dia de uma conferência de paz realizada em Montreux, também na Suíça.
"Depois de quase três dolorosos anos de conflito e sofrimento na Síria, hoje é um dia de esperança frágil, mas real", declarou Ban Ki Moon na abertura do encontro. "Pela primeira vez, o governo, a oposição, os países da região e uma ampla representação da comunidade internacional estão reunidos para buscar uma solução política para a morte e a destruição que são hoje a realidade terrível da vida na Síria."
Mais de 2,3 milhões de sírios fugiram do país. Outros 6,5 milhões e meio de sírios fugiram de casa, mas estão no país. Mais de 9,3 milhões precisam de ajuda humanitária.
Ban propôs que as negociações retomam as bases da primeira proposta de paz, formulada pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan: cessar-fogo, diálogo nacional, libertação de todos os presos políticos, eleições e formação de um governo de transição. O mediador agora é o ex-ministro do Exterior da Argélia Lakhdar Brahimi.
Na mesa de negociações, os dois lados só trocaram ataques. O ministro do Exterior sírio, Walid Muallem, limitou-se a pedir ajuda para "combater o terrorismo", termo que a ditadura de Bachar Assad usa para se referir a toda e qualquer oposição, questionando o propósito da conferência.
O secretário de Estado americano, John Kerry, lamentou há pouco que "todas as partes menos uma" presentes à conferência de paz endossaram os termos da proposta anterior, chamada de Genebra I. Os EUA, a União Europeia e a rebelde Coalizão Nacional Síria exigem a saída de Assad como precondição para um acordo de paz. Por discordar, o Irã foi desconvidado na última hora, diante da ameaça dos rebeldes de não comparecerem.
Kerry revelou que os presidentes Barack Obama e Vladimir Putin, da Rússia, conversaram ontem por telefone e instruíram seus chanceleres a insistir nas negociações de paz. "Negociações tomam tempo", resignou-se o secretário de Estado. "O fardo sobre a Jordânia e o Líbano está aumentando. Esta crise está piorando, não melhorando."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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