A anulação do processo contra o general Efraín Ríos Montt foi confirmada na sexta-feira por um tribunal de recursos da Guatemala que considerou "inaceitáveis" os recursos impetrados pela procuradoria e por uma associação de vítimas da ditadura militar, informa hoje o jornal francês Le Monde.
Ríos Montt foi condenado em 10 de maio de 2013 a 24 anos de prisão por genocídio pela morte de 1.771 índios da tribo ixil, do grupo maia, em 1982 e 1983, durante o período mais violento da guerra civil guatemalteca (1960-96), que deixou mais de 200 mil mortos. Foi o pior conflito da Guerra Fria na América Latina.
No momento da condenação, a alta comissária das Nações Unidas para Direitos Humanos, Navy Pillai, declarou que "a Guatemala faz história ao se tornar o primeiro país do mundo onde um antigo chefe de Estado é condenado por genocídio por um tribunal nacional". Não por muito tempo.
O processo foi anulado dez dias depois por supostos erros na fase de instrução, decisão reafirmada agora por um tribunal superior.
Enquanto Moises Galindo, advogado do general, quer agora estender a anulação a todos os processos contra o genocida, Edgar Pérez, da Associação pela Justiça e Reconciliação, que representa as vítimas da ditadura, vai recorrer ao supremo tribunal guatemalteco.
Um relatório feito pela ONU em 1999 listou 626 durante a guerra civil na Guatemala. Mais de 90% das piores atrocidades ocorreram entre 1978 e 1984. O general Ríos Montt adotou uma política de "terra arrasada" contra os povos indígenas, que acusava de serem aliados da guerrilha esquerdista.
"Na Guatemala, não houve um genocídio, mas qualquer coisa pior do que isso", escreveu o sociólogo guatemalteco Edelberto Torres Rivas, lembrando a perseguição sistemáticas de esquerdistas, amigos, parentes, simpatizantes e indígenas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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