Os Estados Unidos cresceram 1,9% em 2013, abaixo dos 2,8% do ano anterior, mas terminaram o ano passado em alta, informou hoje o Departamento do Comércio.
No último trimestre de 2013, a maior economia do mundo avançou 0,8%, o que projeta uma taxa anual de 3,2%. A expectativa é que esse ritmo se mantenha em 2014, confirmando a recuperação.
Por este motivo, o Comitê da Reserva Federal (Fed), o banco central americano, reduziu em mais US$ 10 bilhões a quantidade de títulos que compra mensalmente para jogar mais dinheiro em circulação e assim estimular a economia. É uma política que o Fed adotou três vezes, depois de ter praticamente zerado as taxas básicas de juros.
O banco central dos EUA estava comprando US$ 85 bilhões em títulos hipotecários e da dívida pública. No mês passado, na última reunião de 2013, reduziu esse montante em US$ 10 bilhões e ontem em mais US$ 10 bilhões, num processo gradual para evitar um choque no mercado que deve se estender até setembro ou outubro.
No momento, o maior impacto recai sobre países emergentes com balança comercial em déficit comercial. Com a menor oferta de dólares e a maior atração de investimentos pelos EUA, o dinheiro tende a sair de países como África do Sul, Brasil, Índia, Indonésia e Turquia, que sofrem com a desvalorização de suas moedas.
A alegação de que o Fed não está olhando para os países emergentes não se justifica. Quando o banco central dos EUA iniciou o programa de "alívio quantitativo", o ministro da Fazenda, Guido Mantega, falou em guerra cambial, como se o objetivo final fosse baratear o dólar e exportar a crise.
Ben Bernanke, que deixa amanhã a presidência do Fed depois de oito anos, é um economista especializado na Grande Depressão. Depois de zerar os juros, só lhe restava imprimir dinheiro para enfrentar a crise. O Fed jogou US$ 3 trilhões em circulação. Sem grandes opções de negócios nos países ricos em crise, parte desse dinheiro foi para países em desenvolvimento.
Agora, o fluxo de dólares se inverte. A situação dos emergentes só pesa na medida em que possa afetar o comércio ou a estabilidade internacional. O Brasil é afetado, mas sabia de tudo há muito tempo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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