Mais de 90% dos eleitores que foram às urnas ontem e anteontem aprovaram a nova Constituição do Egito proposta pelo regime militar que derrubou, em 3 de julho de 2013, Mohamed Mursi, o primeiro presidente eleito democraticamente da história do país, depois de uma onda de protestos contra medidas autoritárias. O resultado foi anunciado na madrugada de hoje.
A Irmandade Muçulmana, movimento político de Mursi, boicotou o referendo. O Ministério do Interior revelou que 444 pessoas foram presas nos dois dias de referendo. Há notícias de pelo menos 19 mortes.
Com a intensa pressão do governo para garantir que mais da metade dos eleitores participassem, a primeira votação popular desde a queda de Mursi ficou longe de ser democrática. Repórteres de agências de notícias ocidentais tiveram dificuldade para encontrar eleitores que declarassem voto no não.
A votação foi considerada um plebiscito sobre o regime liderado pelo comandante supremo das Forças Armadas, general Abdel Fattah al-Sissi, que pode ser candidato à Presidência do Egito. Nos próximos dias, um decreto deve convocar eleições parlamentares e presidencial.
Além dos islamitas, o regime militar também prendeu vários manifestantes do movimento secularista que derrubou o ditador Hosni Mubarak (1981-2011) em 11 de fevereiro de 2011. Mais de mil pessoas foram mortas em conflitos políticos desde a queda de Mursi, superando as 852 mortes da revolução contra Mubarak.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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