O ministro do Exterior linha-dura de Israel, Avigdor Lieberman, impõe condições para um acordo de paz com a criação de uma Palestina independente: o "triângulo" a sudeste de Haifa, onde a maioria da população é árabe, deve ser trocado pelas colônias israelenses na Cisjordânia ocupada.
Lieberman acredita que a proposta de paz dos Estados Unidos é a melhor possível, mas rejeita completamente o "direito de retorno" dos palestinos refugiados desde a criação do Estado de Israel, em 1948.
Entre as sugestões apresentadas pelo secretário de Estado americano, John Kerry, está o reconhecimento de Israel como um "Estado judaico". O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, é contra. Entende que seria a institucionalização da posição dos árabes israelenses como cidadãos de segunda classe.
Ao discursar na abertura da Conferência de Embaixadores do Ministério do Exterior de Israel, o chanceler de origem russa foi muito mais moderado do que antes, quando acusava Abbas de "terrorismo político" e considerava inaceitável a criação de um Estado palestino independente em futuro próximo, observou o jornal conservador The Times of Israel.
Em princípio, os palestinos exigem que a negociação tenha por base as fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias (5-10 de junho de 1967), a retirada total das forças israelenses e o desmantelamento das colônias judaicas nos territórios árabes ocupados, o direito de retorno dos refugiados palestinos desde 1948 e a criação de uma Palestina independente com capital no setor árabe de Jerusalém.
Outro problema é a exigência de Israel de manter uma presença militar no vale do Rio Jordão, considerada desnecessária por Meir Dagan, ex-chefe do serviço de espionagem israelense Mossad: "Não tenho problema com quem alega que o vale do Jordão deva ser parte de Israel. O que me incomoda é apresentar isso como uma questão de segurança nacional".
Como "não há mais Exército do Iraque", argumentou Dagan, "não há mais uma frente oriental. Há paz com a Jordânia. Não vejo o vale do Jordão como crítico para a segurança de Israel".
O ex-chefe do Mossad atribui o empenho pessoal do secretário John Kerry à ambição de concorrer à Presidência dos EUA em 2016. A paz no Oriente Médio seria uma cartada importante na disputa com a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, cuja campanha já está nas redes sociais. Ele só acredita numa paz duradoura se for aprovada pela Liga Árabe.
Nos últimos anos, os governos de Israel tem ampliado a colonização do setor oriental de Jerusalém e da Cisjordânia para criar uma política de fato consumado. As colônias e a anexação de Jerusalém são hoje os maiores obstáculos a um acordo entre a ANP e Israel, com ou sem boicote do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), mais radical ainda na exigência de devolução dos territórios ocupados.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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