sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Obama promete não recuar diante de corpos de americanos mortos na Líbia

O presidente Barack Obama afirmou hoje que "os Estados Unidos não vão recuar", ao receber há pouco na Base Aérea de Andrews, no estado de Maryland, perto de Washington, os corpos dos quatro americanos mortos no ataque ao Consulado Americano em Bengázi, na Líbia, em 11 de setembro de 2012, inclusive do embaixador Christopher Stevens.

Primeiro, falou a secretária de Estado, Hillary Clinton, insistindo em que o governo americano não tem nada a ver com o filme maldito pelos muçulmanos por ridicularizar sua religião e o profeta Maomé.Hillary chamou Inocência dos Muçulmanos de uma "provocação cínica para provocar raiva, violência e conflito". Mas nada justifica, acrescentou, atacar representações diplomáticas.

Depois de Hillary, o presidente Barack Obama presta sua homenagem aos mortos, em tom grave e sério: "Steven era tudo o que os EUA queriam ter como embaixador. Visitou a primeira vez a região como um jovem voluntário. (...) Hoje, Steve volta para casa. Eles serviram os EUA.Tinham uma missão. Conheciam os perigos e os abraçaram. Viveram os ideais americanos: coragem, esperança e idealismo. Podemos deixar este mundo um pouco melhor. Hoje queremos realmente honrar a memória deles."

Com as massas de muçulmanos enfurecidos investindo contra representações diplomáticas ocidentais, Obama foi ainda mais sóbrio, mas reafirmou que os EUA não vão recuar: "As perdas e imagens horríveis dos últimos dias mostram que estes são dias difíceis. Tanta raiva e violência, mas entre todas as imagens desta semana lembro dos líbios que saíram para a rua para agradecer ao embaixador por trabalho pela libertação da Líbia com cartazes que diziam: 'Chris Stevens era um amigo do povo líbio'.

"É esta mensagem que mandamos ao mundo", acrescentou Obama. "Nós nos preocupamos com eles e com a liberdade. Os EUA nunca vão recuar. Para vocês, amigos e colegas, e para todos os americanos, o sacrifício deles nunca será esquecido. Levaremos à Justiça os responsáveis. Protegeremos nossos diplomatas. Vamos manter a cooperação, mas os países têm a obrigação de garantir a segurança [de embaixadas e consulados]. Somos americanos. Mantemos nossa cabeça erguida. Por causa de vocês, este país sempre vai brilhar neste mundo. A bandeira que vocês serviram agora os traz para casa."

Todos eram militares. As circunstâncias em que eles morreram ainda não foram explicadas. Podem ter morrido no incêndio causado por um foguete ou ter sido assassinados pelo grupo radical que atacou o consulado em Bengázi com metralhadoras e lança-foguetes.

Os EUA não têm alternativa. Para não perder ainda mais influência na região, precisam manter o engajamento com os novos governos islâmicos surgidos da Primavera Árabe. Como reconheceu o ex-porta-voz do Departamento de Estado no governo Clinton, James Rubin, em entrevista à CNN, "os EUA têm pouca influência no debate político interno destes países, mas podem influenciar na margem, apoiando os grupos que defendam os valores da democracia liberal".

No Egito, a Irmandade Muçulmana, o mais antigo grupo fundamentalista do mundo, que ganhou as eleições parlamentares e presidencial com seu Partido da Justiça e Liberdade, convocou dois protestos contra o filme. A princípio, a reação do presidente Mohamed Mursi foi dúbia, a ponto de Obama comentar que "o Egito não é um país amigo, mas também não é inimigo".

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