sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Fraude e corrupção mancham governo de Angola

Com a cumplicidade do Brasil e dos Estados Unidos, José Eduardo dos Santos acaba de ser reconduzido à Presidência de Angola, que disputa com a Nigéria a posição de maior produtor de petróleo da África. É o segundo ditador há mais tempo no poder no continente, desde 1979.

Em 31 de agosto de 2012, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder desde a independência do país, venceu as eleições parlamentares com 72%, sob os protestos da oposição, que teve cerca de um quarto da votação e denunciou fraude.

Foram as terceiras eleições em 37 anos de governo deste antigo grupo guerrilheiro marxista que liderou a guerra contra Portugal. Os diplomatas europeus e norte-americanos não foram autorizados a monitorar o pleito.

A União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), principal partido de oposição, dobrou sua votação, mas não chegou a 19% do total. Acusa agentes do governo de depositar votos falsos nas urnas e o MPLA de ter influência excessiva sobre a Comissão Nacional Eleitoral.

Há meses, a Unita denuncia um plano do governo para colocar agentes em todas as seções eleitorais para executar a fraude. Em províncias onde a oposição é mais forte, como Benguela, Cabinda e Huambo, muitas seções abriram mais tarde do que deveriam.

Isso explicaria a queda na participação, que foi de 80% em 2008 e de apenas 60% agora.

Os diplomatas europeus e norte-americanos não puderam fiscalizar as eleições angolanas. Só a Embaixada Britânica pediu 15. Recebeu apenas três, na noite da véspera das eleições e na distante província de Lunda Norte, onde não haveria tempo para chegar.

Diplomatas dos EUA também tiveram pedidos recusados. Mesmo assim, em 5 de setembro, o Departamento de Estado divulgou declaração elogiando o "engajamento cívico" dos partidos e pedindo ao governo "uma investigação e soluções rápidas para todas as denúncias de irregularidades nas eleições". O MPLA interpretou a nota como o reconhecimento de sua vitória, observa o sítio Africa Confidential.

A União Africana, a Comunidade dos Países da África Austral, a organização dos Grandes Lagos, a Comunidade dos Países da África Ocidental e a Lusofonia, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, liderada pelo Brasil, que puderam monitorar, consideraram as eleições livres, limpas e justas.

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