sábado, 8 de setembro de 2012

Crise política traz de volta velha guarda na China

A queda espetacular de Bo Xilai e a luta pela sucessão do atual grupo dirigente aumentaram o prestígio e a importância de líderes veteranos que foram convocados unir e pacificar o turbulento Partido Comunista da China.

Dez anos depois de passar o poder pacificamente ao atual presidente, Hu Jintao, na primeira transição tranquila do regime comunista chinês, o ex-líder Jiang Zemin, hoje com 86 anos, foi chamado para dar sua opinião sobre o caso de Bo Xilai, o dirigente do partido que resgatou canções e práticas maoístas do tempo da Revolução Cultural (1966-76).

Bo era visto como o maior expoente em ascensão da linha dura quando foi derrubado, em março e abril de 2011, por "graves violações disciplinares". Sua mulher foi condenada por assassinato, mas ele foi poupado até agora de um processo criminal.

Outro veterano, Qiao Shi, de 87, ex-rival de Jiang, também participou das deliberações sobre o futuro de Bo. Teria defendido uma punição mais severa a Bo Xilai, que sonhava em ascender no fim do ano ao Comitê Permanente do Politburo do Comitê Central do PC, o órgão máximo do poder na China, formado pelos chamados nove imperadores que governo o país de fato.

Como o partido ainda não anunciou oficialmente o destino de Bo, acredita-se que ele se transformou em mais um peça da luta política interna do PC chinês. Jiang Zemin, que era próximo do pai de Bo, Bo Yibo, quer um tratamento brando.

A reemergência da velha guarda revela um problema adicional para os dirigentes chineses. Desde que a idade de 68 anos foi introduzida informalmente como limite para ocupar cargos na alta direção do PC, há no país uma série de dirigentes aposentados que usam seu tempo, seu poder e seus contatos para manter um papel ativo no jogo político, muitas vezes através de protegidos que ajudaram a promover.

Ao todo, há 12 antigos membros do Comitê Permanente vivos, 12 ex-imperadores, e imperadores não costumam se aposentar. A maioria participou de um encontro anual informal em Beidaihe, a praia onde a cúpula da ditadura chinesa costuma passar as férias de verão. Sete dos nove membros atuais do comitê também participaram.

O futuro de Bo Xilai certamente foi um dos temas centrais das discussões, dividindo o partido entre as facções de Jiang e de Hu. Na semana passada, um aliado de Hu, Ling Jihua, foi rebaixado depois de um acidente de carro com seu filho, que dirigia uma Ferrari onde foram encontradas duas mulheres seminuas, em mais um sinal dos abusos da elite no poder.

Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao gostaria de dar uma punição exemplar em Bo. Teriam recuado porque ele tem amigos poderosos, a começar por Jiang Zemin. Uma investigação mais profunda sobre as atividades de Bo poderia respingar em outros dirigentes do partido.

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