Em relatório enviado hoje ao Congresso com a assinatura da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, os Estados Unidos passam a incluir a rede terrorista Haqqani, responsável por alguns dos ataques mais mortíferos contra as forças internacionais no Afeganistão, na lista de organizações consideradas terroristas.
Ao declarar que a rede Haqqani é terrorista, os EUA esperam sufocar as fontes de financiamento do grupo em países como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos e pressionar o Paquistão a lançar uma ofensiva contra ele.
"Esta é uma questão dos EUA", reagiu em nota a embaixadora paquistanesa nos EUA, Sherry Rehman, citada pelo jornal The New York Times. "Não é um problema nosso. Os Haqqanis não são cidadãos paquistaneses". Ela também rejeitou qualquer cumplicidade do Paquistão com "terroristas e quem quer que desafie as leis do nosso país".
A rede Haqqani é um dos grupos armados apoiados ou ao menos tolerados pelas Forças Armadas do Paquistão, que mandam no país desde sua independência. Por causa do conflito histórico com a Índia, o Exército paquistanês concentra suas forças na fronteira oriental e usa extremistas muçulmanos para defender seus interesses na Guerra do Afeganistão.
Como o presidente Barack Obama marcou a saída das forças americanas de combate em 2013 e a retirada total em 2014, o Paquistão se prepara para um futuro incerto na sua fronteira oeste.
"A rede Haqqani é um braço armado do serviço secreto militar do Paquistão no Afeganistão", admite o ex-capitão da seleção paquistanesa de críquete, Imran Khan, hoje convertido num político de fortes ligações com os militares. "Como eles sabem que os americanos vão sair de lá mais cedo ou mais tarde, eles querem alguém que defenda seus interesses no Afeganistão".
Entre esses interesses, aparentemente, está uma aliança com a milícia fundamentalista dos Talebã (Estudantes), que desde sua origem tem o apoio do serviço secreto militar paquistanesa.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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