O presidente Barack Obama faz agora o discurso de aceitação da candidatura à reeleição pelo Partido Democrata, pedindo mais tempo ao povo americano para recuperar a economia e construir os Estados Unidos do futuro. Ele não quer fazer desta eleição um plebiscito sobre seu governo, prejudicado pela ruinosa situação econômica herdada de George W. Bush. Tentou marcar o contraste entre sua visão e as ideias conservadoras do Partido Republicano.
"Algumas noite atrás me lembraram como sou um homem de sorte", começou o presidente, agradecendo à mulher e às filhas pela família e a Joe Biden por ser o "melhor vice-presidente que eu poderia ter tido".
Em seguida, definição a eleição presidencial de 6 de novembro como a mais importante em uma geração, onde o povo americano terá de escolher entre dois modelos de sociedade, um inclusivo e outro elitista. Leia a íntegra do discurso do presidente dos EUA no jornal The Washington Post.
Obama afirmou que o país se uniu para vencer a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial para acusar o Partido Republicano de criticar o que acha que está errado sem revelar exatamente o que está fazendo. "A receita é simples: o frio está chegando? Corte impostos e elimine duas regulamentações", ironizou, fazendo pirraça da proposta-padrão de seus adversários.
Ao comentar as propostas da oposição para cortar o déficit, o presidente declarou que não acredita que "cortar ajuda financeira para a educação já construir um país melhor".
"Não vou dizer que o caminho é fácil. Nossos desafios podem ser enfrentados. Nossos problemas podem ser resolvidos. Eu peço a vocês que apoiem esse projetos, reconstruir a indústria. Podemos escolher um futuro em que exportamos mais mercadorias e menos empregos. Encontrei trabalhadores em Detroit que temiam nunca mais fabricar um automóvel, mas não salvamos a indústria automobilística", disse Obama.
Depois de uma década de declínio, "este país criou milhões de empregos no setor manufatureiro porque sabemos fazer bons produtos. Só no ano passado, cortamos a importação de petróleo em um milhão de barris por dia. Dependemos menos do petróleo importado hoje do que nos últimos 20 anos".
O presidente atacou o ex-governador Mitt Romney, seu adversário republicano, dizendo que ao contrário dele não vai deixar as companhias de petróleo ditar sua política energética. Ele prometeu continuar investindo em energia.
"A educação é o caminho da oportunidade, da ascensão à classe média, foi para mim e Michelle, e para muitos de vocês. Nenhuma companhia deve tentar contratar funcionários no exterior porque não consegue encontrar aqui. Nesta eleição, vocês têm uma escolha", desafiou Obama.
Também acusou bancos e intermediários de ganharem dinheiro do crédito educativo às custas dos contribuintes.
"Num mundo de novos desafios, vocês podem escolher sua liderança. Prometi sair do Iraque, e saímos. Reduzimos a força dos Talebã para acabar com 2014 com a mais longa guerra da História dos EUA. Há uma nova torre onde ficara o World Trade Center, Al Caeda está no caminho da derrota e Ossama ben Laden está morto", disse o presidente.
Se depender de Obama, prosseguiu, "este país continuará tendo as melhores Forças Armadas que o mundo já viu. E na volta para casa, nossos veteranos não devem ter dificuldade para encontrar moradia e trabalho".
Ao reafirmar o compromisso com a defesa de Israel, observou que é preciso ter a mesma determinação na busca da paz. A seguir, acusou Romney de "ser um novato em política externa. Você não será capaz de falar duro em Beijim se não é capaz de ir a Olimpíada de Londres sem ofender nosso maior aliado", altinetou, lembrando as críticas do republicano à organização dos Jogos Olímpicos de 2012.
Sobre o déficit orçamentário, Obama alegou que "nós que acreditamos na importância do Estado devemos ser os primeiros a equilibrar suas finanças. Ainda estou pronto a negociar. Nenhum partido tem o monopólio da razão. Estou pronto a negociar com base nas recomendações da comissão bipartidária. Eu me recuso a dizer que a classe média tem de pagar mais impostos enquanto se mantém os cortes de impostos para os ricos. Me recuso a dizer que as crianças não terão mais ajuda. Me recuso", argumentou, em tom emocionado.
"Nunca vou transformar Medicare num programa de distribuição de cupons", acrescentou, criticando a proposta do candidato a vice-presidente do Partido Republicano, Paul Ryan, um falcão fiscal que prega um corte radical nas despesas do governo, acabando com o programa de saúde para idosos.
"Este país funciona bem quando temos compromissos uns com os outros e com as futuras gerações", disse o presidente para marcar a diferença em relação ao individualismo defendido pela oposição. "Sabemos que o governo não pode resolver todos os problemas, mas também não é a fonte de todos os problemas", completou, denunciando a ideologia antiestatista da oposição.
Obama teve o cuidado de não fazer promessa como há quatro anos para não ser acusado de não cumpri-las: "Nunca tive tanta esperança no futuro dos EUA. Não porque eu ache que tenho todas as respostas, mas por causa de vocês. (...) E se vocês compartilham esta esperança comigo, eu peço seu voto aqui nesta noite. Se você acredita que novas fábricas podem surgir, novas fontes de energia, novas escolas, um país com oportunidades para todos, então preciso do seu voto em novembro."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário