Em tom emocionado, a primeira-dama Michelle Obama prometeu lutar por uma sociedade com oportunidades para todos nos Estados Unidos, independentemente da origem social, no principal discurso da primeira noite da Convenção Nacional do Partido Democrata que vai indicar oficialmente o presidente Barack Obama como candidato à reeleição em 6 de novembro.
Num magnífico vestido vermelho, Michelle descreveu seu marido na Casa Branca como o mesmo homem por quem se apaixonou anos atrás: "A Presidência não muda você. A Presidência revela quem você realmente é." Ela lembrou que os dois enfrentaram dificuldades, nasceram em famílias pobres e só cursaram universidades porque receberam auxílio financeiro.
Michelle Obama defendeu a reforma do sistema de saúde para oferecer cobertura universal, a grande conquista do marido em política interna, que a oposição republicana promete revogar, e ajuda financeira para todo jovem ter direito de fazer um curso superior.
Se Ann Romney foi usada na semana passada pelo Partido Republicano para humanizar o marido, Michelle conseguiu empolgar os delegados democratas. Veja a íntegra do discurso da primeira-dama no sítio do jornal The Washington Post.
O maior desafio de Obama, depois da grande mobilização popular que o levou à vitória, é tirar de casa os eleitores da coalizão que conseguiu formar em 2008. Diante das dificuldades impostas pela crise, a maioria das promessas não foi realizada, o desemprego é elevado e a recuperação econômica claudicante.
A primeira-dama tinha a missão de convocar os eleitorados negro, pobre, feminino e latino. O ex-presidente Bill Clinton vai discursar para a classe operária e a classe média brancas, duramente atingidas pelo desemprego.
Na quinta-feira, ao aceitar oficialmente a investidura, Obama não pode prometer muito. Já está sendo acusado pela oposição de ter realizado muito pouco. Uma das frases do discurso de Mitt Romney na semana passada disse que, enquanto Obama quer mudar o mundo, ele quer apenas ajudar o americano comum e sua família.
Obama deve destacar as realizações de seu governo, alegando que o desemprego seria muito maior se não fosse o programa de incentivo de US$ 787 bilhões que os republicanos acusam de só ter servido para aumentar a dívida pública, hoje em mais de US$ 15 trilhões, acima de 100% do produto interno bruto. Ele conseguiu salvar a indústria automobilística e aprovar uma reforma da saúde para oferecer cobertura a todos os americanos.
Em seu governo, os EUA conseguiram matar o líder terrorista Ossama ben Laden, da rede terrorista Al Caeda. Retiraram os soldados americanos do Iraque. Pretendem parar de combater em 2013 na Guerra do Afeganistão, que já é a mais longa da História do país. E participaram da intervenção militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na guerra civil da Líbia, ajudando a derrubar o ditador Muamar Kadafi, um inimigo histórico.
O governo Obama não conseguiu reatar as negociações de paz entre Israel e os palestinos. Está sendo acusado pelos republicanos de abandonar Israel. Na realidade, pressionou o governo direitista israelense a suspender a colonização da Cisjordânia ocupada para criar um clima favorável ao diálogo. A direita israelense se apoia na direita americana para rejeitar qualquer concessão.
Para o governo de Israel, os palestinos não representam uma ameaça. Sua maior preocupação é com o programa nuclear do Irã, suspeito de desenvolver armas atômicas. Obama abriu diálogo com o Irã, mas exige o fim do enriquecimento de urânio, o que os aiatolás não aceitam. Não houve avanço. Obama teria mandado um recado ao Irã de que não apoia uma ação militar israelense contra suas instalações nucleares.
Depois de tentar se livrar das duas guerras herdadas de George W. Bush, tudo o que Obama não quer é uma nova guerra.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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Um comentário:
O trabalho de arranca votos já começou e a comitiva de Barack vê na primeira-dama uma excelente forma de amealhar alguns votos, não fosse a maioria do eleitorado proveniente do sexo feminino. Nada melhor que uma boa hisltória de amor para comever norte-americanos.
Descobri o seu blog hoje, mas voltarei a visitá-lo com regularidade.
João Santos, 19 anos, Lisboa.
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