A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) foi infiltrada por "terroristas e sabotadores", acusou ontem em Viena, na Áustria, o diretor da Organização de Energia Atômica do Irã, Fereydoon Abbasi, que mal escapou de um atentado há dois anos, logo depois de ser nomeado para o cargo.
O mais importante funcionário iraniano para a questão nuclear atribuiu duas grandes explosões que cortaram o suprimento de energia e duas centrais de enriquecimento de urânio a sabotagem. Um porta-voz da AIEA disse que a agência não vai comentar a acusação.
Uma explosão cortou a energia de uma instalação nuclear subterrânea considerada a mais invulnerável a um bombardeio pelos Estados Unidos e Israel, que admitem a possibilidade de uma ação militar para impedir que a república islâmica tenha a bomba atômica.
Em 17 de agosto, declarou Abbasi em discurso numa conferência da AIEA, um dia antes de uma inspeção da agência, os cabos que levam energia elétrica de Kom para Fordow "foram cortados com explosivos". Ele notou que "quedas de energia danificam as centrífugas".
Se foram atos de sabotagem, observa o jornal The New York Times, isso significa que agentes americanos, israelenses ou oposicionistas iranianos foram além dos ataques cibernéticos e agem diretamente no Irã para desligar os sistemas de centrifugação de enriquecimento de urânio.
Abbasi lança as acusações no momento em que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pressiona os EUA a dar um ultimato ao Irã, estabelecendo um prazo-limite para a república dos aiatolás parar de enriquecer urânio, sob pena de ser alvo de um bombardeio contra suas instalações nucleares.
Como o presidente Barack Obama resiste à pressão do governo linha-dura israelense, Netanyahu advertiu que "quem se nega a demarcar uma linha vermelha para o Irã não tem autoridade moral para colocar um sinal vermelho diante de Israel", ou seja, de impedir Israel de bombardear o Irã.
Diante do fracasso da estratégia de negociação de Obama, Netanyahu gostaria de atacar logo, de preferência com os americanos liderando a ação. Um ataque solitário isolaria Israel perigosamente no Oriente Médio. O apoio dos EUA comprometeria os esforços de Washington para manter sua influência no mundo muçulmano depois da chamada Primavera Árabe.
O chefe do governo israelense afirmou que, em seis a sete meses, o Irã terá combustível nuclear suficiente para fazer uma bomba. Falava da atividade na instalação nuclear subterrânea de Fordow, próxima à cidade sagrada de Kom. Terminou perguntando "até quando Israel terá de esperar?" e "esperar o quê?"
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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