Os países ricos que colocaram mais de US$ 3 trilhões à disposição dos bancos para evitar um colapso do sistema financeiro internacional não são capazes de dar os US$ 30 bilhões pedidos pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentos (FAO).
Desde o início do ano, o total de pessoas ameaçada pela fome no mundo subiu 119 milhões por causa da inflação mundial nos preços dos alimentos nos últimos anos, que já começam a baixar por causa da crise econômica global. Mas o total de necessitados de ajuda de emergência chegou a 967 milhões, alerta a organização não-governamental britânica Oxfam (Comitê de Oxford para Alívio da Fome).
A crise de alimentos "força as pessoas a comerem menos e alimentos de menos qualidade, tira crianças da escola e obriga agricultores a migrarem do campo para a cidade, onde vão morar em favelas", adverte o relatório divulgado hoje, Dia Mundial da Alimentação.
Na Somália, os preços do trigo aumentaram 300% nos 15 meses até abril deste ano.
Em Nova Iorque, o relator especial da ONU sobre direito à alimentação, Oliver de Schutter, propôs a adoção de regras internacionais para a produção de biocombustíveis e o congelamento de investimentos para produção de biocombustíveis em grande escala para exportação, alegando que ameaça alguns dos países mais frágeis do mundo.
Schutter defendeu ainda a formação de estoques reguladores nacionais e internacionais para combater a especulação com os preços dos alimentos em função de problemas climáticos e quebras de safras. Assim, os países não precisariam recorrer ao mercado para alimentar suas populações necessitadas.
A Oxfam pede que a mesma determinação usada para resolver a crise financeira global seja aplicada no combate à fome.
Na reunião de cúpula sobre a crise de alimentos, realizada de 3 a 5 de junho deste ano na sede da FAO, em Roma, esta organização pediu US$ 30 bilhões para acabar com a fome. Ouviu promessas de US$ 12 bilhões. Até agora, só recebeu US$ 1 bilhão.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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