Um dos maiores críticos do governo George W. Bush, o economista americano Paul Krugman, professor da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, foi agraciado hoje com o Prêmio Nobel de Economia 2008. Autor de vários livros importantes de economia,
Sua reação inicial foi: "Estou um pouco menos aterrorizado hoje do que estava na sexta-feira", referindo-se à crise mundial. Mais tarde, em Princeton, Krugman disse que realmente acreditava que este dia chegaria, mas não hoje.
Colunista do jornal The New York Times, Krugman sugeriu hoje que o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, salvou o mundo, ao aplicar um plano anticrise baseado na compra pelo Estado de participação acionária nas empresas que vai ajudar. Neste caso, poderá vender as ações no futuro, caso essas empresas se recuperem, e assim recuperar o dinheiro público.
Na verdade, é uma nova versão do plano que tirou a Suécia de uma crise financeira no início dos anos 90.
Krugman critica a proposta do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, que pretendia comprar ativos podres para limpar as instituições financeiras sem que o Estado assumisse a responsabilidade por elas. Mas só a garantia do Estado é capaz de restaurar a confiança nos bancos.
Por preconceito ideológico, o governo Bush não queria intervir diretamente no mercado comprando ações de empresas. Mas é uma solução muito melhor do que comprar títulos que não valem nada, o que equivaleria a dar dinheiro de graça a bancos e financeiras.
O governo compra uma participaçãp para reforçar o capital das empresas, entra com o dinheiro comprando ações que depois pode vender para sair do mercado e recuperar o dinheiro público. A proposta é essa e já funcionou na Suécia.
Brown encontrou o caminho e foi reconhecido pelo Nobel de Economia. Ressuscitou seu governo.
A propósito, depois de ver Pedro Bial comentando no Jornal da Globo que Krugman é um keynesiano, da corrente de economistas que seguem o pensamento de Lorde John Maynard Keynes, que antes de morrer lamentou não ter tomado mais champanhe, me lembrei que já tomei champanha com Paul Krugman.
No final de 1998, no auge das crises da Ásia e da Rússia, o real ameaçava desabar e o governo Fernando Henrique Cardoso temia a volta da inflação. Krugman, cotadíssimo porque fora o único a prever a crise asiática, falou na Lancaster House. Fui assisti-lo para tentar fazer pelo menos uma pergunta sobre a situação brasileira. Sabia que ele era um observador atento do plano de estabilização econômica".
A oportunidade veio na hora do champanhe. "Eles têm de se aferrar a suas armas", disse Krugman ("They have to stick to their guns"). Ou seja: o governo deveria insistir na estratégia adotada até então, de defesa de moeda, mesmo que isso terminasse torrando metade das reservas e se revelando inútil.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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