Desde que a presidente Cristina Kirchner anunciou, em 22 de outubro, a estatização da previdência privada, a Bolsa de Valores de Buenos Aires desabou, os bônus da dívida pública argentina caíram e o risco do país aumentou 18% para 1.962 pontos.
O Índice Merval caiu 11% na terça-feira e 10,1% na quarta-feira, depois de passar por um momento por uma queda recorde de 17,7%.
A causa foi a decisão da presidente Cristina Kirchner de acabar com os fundos de pensão, transferindo toda a previdência para o governo, num total estimado de US$ 30 bilhões. Este dinheiro permitiria fechar as contas públicas de um país que antes da crise já não tinha crédito internacional por causa da renegociação incompleta da dívida.
Só que o dinheiro não é do Estado nem dos fundos de pensão. O dinheiro é dos trabalhadores que decidiram fazer uma poupança de longo prazo para a aposentadoria.
Até a Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Chile criticou a decisão de Cristina, marcada por fortes tintas de peronismo. Ela assinou o projeto sob uma tenda gigante cercada por uma claque de ministros, governadores, prefeitos, parlamentares, sindicalistas e empresários amigos.
Para a CUT chilena, o governo argentino deveria criar uma previdência pública e dar aos trabalhadores o direito de migrar, escolhendo em que sistema preferem poupar para a aposentadoria.
A oposição e o jornal liberal La Nación consideraram a medida um "roubo legalizado".
Nas ruas de Buenos Aires, os argentinos defendem a Previdência Social porque desconfiam do mercado, mas também não confiam muito no governo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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