quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Greenspan admite tsuname financeiro

O ex-presidente da Reserva Federal (Fed), o banco central dos Estados Unidos, Alan Greenspan confessou hoje sua culpa pela crise financeira global, ao admitir que faltou regulamentação para evitar o que ele chamou de "um tsuname de crédito que só acontece uma vez a cada século".

Em depoimento na Comissão de Supervisão e Reforma do Governo da Câmara dos Representantes dos EUA, Greenspan declarou estar "chocado" por causa do colapso de crédito. Embora ele tenha criticado em 2005 a "exuberância irracional" dos investidores que puxavam os preços das ações cada vez mais para cima, "esta crise se tornou muito maior que eu poderia imaginar".

Sob pressão do presidente da comissão, o deputado democrata Henry Waxman, do estado da Califórnia, que disse não aceitar uma explicação do tipo "não vi", Greenspan reconheceu ter "culpa parcial" por acreditar que algumas transações não necessitavam de supervisão.

Waxman leu várias declarações de Greenspan dizendo que o mercado poderia regulamentar os negócios com derivativos sem a intervenção do Estado e perguntou até que ponto elas se baseavam na ideologia: "Todo o mundo age com base em uma série de idéias e princípios, uma ideologia", respondeu Greenspan, explicando que firmara a convicção, nos últimos 40 anos de hegemonia do monetarismo, de que o mercado funcionava com eficiência.

Os republicanos não gostaram da pressão sobre um homem que até ontem era considerado um santo pelo mercado. Agora, é atacado pela direita e pela esquerda. Eles queriam começar pelas agências de crédito hipotecário Freddie Mac e Fannie Mae e botar a culpa no Congresso, dominado pelo Partido Democrata, por não ter regulamentado.

Mas a conta da crise pesa nas costas do desastroso governo George Walker Bush. E também de Alan Greenspan, como este blogue já defendeu há muito tempo.

Greenspan é duplamente responsável: por mantido a taxa básica de juros baixa demais, criando a bolha de crédito e nos preços dos ativos, e por não ter regulamentado as operações de negociação de dívida que difundiram por todo o sistema o risco do crédito para clientes de segundo linha na compra da casa própria.

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