O plano do governo dos Estados Unidos para comprar ações de bancos e instituições financeiras no valor de US$ 250 bilhões não animou os investidores americanos. A Bolsa de Valores de Nova Iorque voltou a cair hoje, ainda que apenas 0,8%.
Antes da abertura do mercado, o presidente George Walker Bush anunciou mais uma mudança no plano de combate à crise: "Primeiro, o governo federal vai usar parte dos US$ 700 bilhões do plano de resgate financeiro para injetar capital nos bancos através da compra de ações. Este capital novo vai ajudar os bancos saudáveis a continuarem fazendo empréstimos a empresas e consumidores e os bancos com problemas a cobrir as perdas que tiveram durante a crise, para que possam voltar a dar empréstimos que gerem empregos e crescimento econômico".
Bush admitiu que será necessário esperar algum tempo para que o plano de salvação do setor financeiro dê resultado.
O secretário do Tesouro, Henry Paulson, pediu desculpas ao povo americano por romper com a ideologia neoconservadora que domina o pensamento do Partido Republicano desde os governos de Ronald Reagan (1981-89), fazendo a maior intervenção econômica da História dos EUA desde a Grande Depressão (1929-39): "Hoje, estamos tomando medidas decisivas para proteger a economia dos EUA. Lamentamos ter de adotar estas ações. Não é o que queríamos fazer mas o que devemos fazer para restaurar a confiança em nosso sistema financeiro".
Em uma reunião de emergência segunda-feira à noite, o governo forçou os bancos a aceitarem o remédio amargo. Imediatamente, nove bancos vão receber US$ 125 bilhões em investimentos públicos. O Citigroup, o J P Morgan Chase, o Bank of America e o Wells Fargo terão US$ 25 bilhões cada. O Goldman Sachs e o Morgan Stanley, os dois únicos bancos de investimento sobreviventes na Wall Street, terão US$ 10 bilhões cada.
Já o presidente da Reserva Federal (Fed), o banco central dos EUA, Ben Bernanke, informou que o Fed vai logo começar a comprar títulos da dívida das empresas financeiras em dificuldades.
A Bolsa de Valores de Nova Iorque abriu em alta de 300 pontos, depois de fortes altas na Ásia e na Europa. Mas logo o mercado começou a desviar sua atenção para o gigantesco desequilíbrio macroeconômico que os planos trilionários vão provocar nas contas públicas dos países ricos, e nos danos para a economia real.
Os setores ligados ao consumo e a alta tecnologia lideraram a queda da bolsa, que terminou o dia em queda de 0,8% porque os investidores estão convencidos de que, se o plano parece capaz de evitar um desastre, não será capaz de evitar uma profunda recessão, com queda de produção e consumo, falência de empresas e desemprego.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário