Sob enorme pressão por causa da decadência de sua economia, o regime comunista da Coréia do Norte prometeu mais uma vez desativar seu programa nuclear em troca de ajuda energética e de alimentos, anunciou hoje a China, no momento em que o presidente da Coréia do Sul, Roh Moo Hyun, se encontrava com o dirigente máximo norte-coreano, Kim Jong Il.
Virtualmente isolado, em parte por causa de décadas de sua política de auto-suficiência (Juche), com a economia em declínio desde o colapso do comunismo e da União Soviética, o regime stalinista de Pionguiangue necessita desesperadamente de ajuda econômica - e faz uma chantagem nuclear. Promete e recua. Em outubro do ano passado, realizou uma explosão atômica.
Os países vizinhos também não querem o colapso do regime. A Coréia do Sul acompanha atentamente o processo de reunificação da Alemanha, que completa hoje 17 anos, que em a rica Alemanha Ocidental, terceira maior economia do mundo, teve enormes dificuldades para absorver a Alemanha Oriental, que era o país mais rico do bloco soviético.
Se o regime da Coréia do Norte desmoronar, o Sul teria de assumir a responsabilidade por 25 milhões de norte-coreanos e uma economia arruinada. Sabe que isso abalaria seu desenvolvimento econômico.
A China não quer nenhuma perturbação no seu entorno, muito menos uma nova guerra da Coréia, que atrairia os Estados Unidos. Na Guerra da Coréia (1950-53), houve uma guerra entre a China e os EUA. Os chineses empurraram os americanos para baixo do paralelo 38ºN e, desde então, os dois países nunca mais entraram em conflito. Respeitam-se mutuamente.
Depois da tensão na primeira fase da Guerra Fria, a visita do assessor de Segurança Nacional Henry Kissinger à China em 1971 abriu uma era de novas relações bilaterais, criando uma parceria tácita contra a União Soviética.
Hoje, EUA e China são parceiros comerciais importantes. Em 2006, os EUA tiveram com a China um déficit comercial de US$ 232,5 bilhões, enquanto o governo chinês acumula reservas em moedas fortes que já passam de US$ 1,3 trilhão, grande parte em dólares e títulos da dívida soberana dos EUA. Não tem assim o menor interesse numa crise forte da economia americana, seu maior comprador e também um grande devedor que emitiu títulos dessa dívida comprados pelos chineses.
É a globalização econômica em marcha. Pensei em falar a pleno vapor, mas essa é uma expressão da 1ª Revolução Industrial (máquina a vapor, do navio a vapor e da locomotiva). Foi o início da grande transformação da sociedade humana, em pleno andamento na 3ª Revolução Industrial (TV, informática, microchip, computadores pessoais, telefonia celular, tecnologia digital, internet) depois de uma 2ª Revolução Industral (telégrafo, eletricidade, telefone, automóvel, cinema, rádio).
Neste mundo extremamente dinâmico, em rápido desenvolvimento tecnológico, EUA e China são os pólos econômicos mais importantes. São países que não querem perder tempo com conflitos arcaicos como a chantagem nuclear de um ditadorzinho anacrônico do tempo da Guerra Fria.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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