domingo, 26 de março de 2006

Pobreza argentina cai ao nível anterior à crise

Pela primeira vez desde o fim da paridade fixa dólar-peso em dezembro de 2001, a Argentina apresenta indicadores sociais melhores do que antes. A pobreza, que atingiu um índice recorde de 57,5% da população em outubro de 2002, caiu para 33,8% no final de 2005. O nível de indigência baixou de 13,8% para 12,2% no ano passado. Mas o recuo é mais lento do que o crescimento da economia, que foi de 9,2% em 2005.

No segundo semestre de 2001, antes do fim da conversibilidade dólar-peso, a pobreza atingia a 38,2% dos argentinos e 13,6% viviam na miséria absoluta.

Pelos dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), com o crescimento econômico, pouco mais de um milhão de argentinos deixaram de ser pobres e 325 mil saíram da indigência. Mas ainda há 12,7 milhões de pobres, sendo 4,6 milhões indigentes.

A queda foi mais pronunciada na Grande Buenos Aires, de 38% para 30,9%. Além do aumento do emprego, houve em quase todo o pais uma recuperação dos salários e o aumento das horas trabalhadas. . Mas a queda na pobreza não acompanha o ritmo do crescimento econômico, assinala o chefe de pesquisas do Instituto para o Desenvolvimento Social Argentino (Idesa), Jorge Colina: “Em 2005, consolidou-se a recuperação da economia e se alcançaram os níveis de 1998 mas a pobreza continua acima dos índices registrados no melhor momento dos anos 90”.

Na sua opinião, isto se explica pela precarização do mercado de trabalho. A crise destruiu muitos empregos, substituídos por relações de trabalho informais, acrescenta Colina: “A saída da desvalorização se apoiou numa queda muito forte dos salários reais, especialmente dos trabalhadores sem contrato formal, que são a maioria nos lares mais pobres”.

Em 2001, a diferença entre os salários de contratados e não-contratados era de 35%. Agora é de 50%. Houve um forte crescimento da informalidade, que em 2001 representava apenas 12% do trabalho na economia argentina e hoje subiu para 35%.

Outro problema é que quem está saindo da pobreza é a classe média empobrecida pela crise. As camadas mais pobres estão presas num ciclo de pobreza associado ao desemprego e à informalidade nas relações trabalhistas.

Nenhum comentário: