sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Trump anuncia tarifaço e moeda da Turquia desaba

Numa escalada do conflito entre os dois países, o presidente Donald Trump anunciou hoje um aumento nas tarifas de importação pelos Estados Unidos de alumínio e de aço da Turquia. Trump está irritado com a prisão de um pastor protestante pelo regime autoritário do presidente Recep Tayyip Erdogan.

"Acabei de autorizar que dobrem as tarifas sobre aço e alumínio importados da Turquia, enquanto sua moeda, a lira turca, resvala rapidamente para baixo diante de nosso dólar forte! No alumínio, serão 20% e, no aço, 50%. Nossas relações com a Turquia não são boas neste momento", afirmou Trump no Twitter.

Só hoje a moeda turca caiu 14,3%. Desde o início do ano, a queda passa de 40%. O impacto deste novo salvo nas guerras comerciais de Trump atingiu o rand sul-africano, o peso argentino, o rublo russo e o real, que fechou em R$ 3,86 aqui no Brasil. Os investidores fugiram de ativos de risco e mercados emergentes.

"Dobrar as tarifas de importação sobre aço e alumínio da Turquia vai reduzir ainda mais as importações que o Departamento do Comércio considera uma ameaça à segurança nacional", declarou o secretário Wilbur Ross.

Erdogan rejeita a pressão da União Europeia para recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e promete enfrentar o que chama de "guerra econômica".

O pastor evangélico americano Andrew Brunson foi detido na Turquia em outubro de 2016 dentro das prisões em massa determinadas por Erdogan em consequência do fracasso golpe de Estado de 15 de julho daquele ano.

Depois de quase dois anos de cadeia, na semana passada, a Justiça decidiu transferi-lo para prisão domiciliar por razões de saúde, mas manteve o processo por espionagem e terrorismo. Isso enfureceu Trump, que ameaçou impor "sanções em grande escala" se Brunson não for solto imediatamente.

As sanções de Trump exploram a fragilidade econômica da Turquia, uma aliada na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). O atrito entre os dois países começou quando os EUA se aliaram aos curdos para combater a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante dentro da guerra civil da Síria.

Os curdos, maior povo do mundo sem um Estado nacional, estão divididos entre Turquia, Síria, Irã e Iraque. A maioria vive na Turquia. Os curdos do Iraque, que têm autonomia regional, tentaram realizar um plebiscito sobre a independência.

Erdogan teme que eles se unam aos curdos da Síria para proclamar a independência do Curdistão, que inevitavelmente reivindicaria a soberania sobre o Sudeste da Turquia, onde os curdos são maioria.

Com o fracassado golpe militar de 15 de julho de 2016, em que sua própria vida estava em risco, Erdogan aproveitou para perseguir todos os seus adversários políticos. Mais de 50 mil pessoas foram presas e mais de 160 mil demitidas.

O líder turco acusou o clérigo muçulmano turco exilado nos EUA Fethullah Gülen, seu antigo aliado. A Justiça dos EUA rejeitou o pedido de extradição por falta de indícios e provas do envolvimento de Gülen no golpe, apesar da participação do movimento gulenista.

Diante do conflito com os EUA, Erdogan se aproximou do ditador da Rússia, Vladimir Putin, com quem falou no telefone depois das ameaças de Trump. O presidente turco é um líder autoritário e não quer dar a impressão de ceder diante da pressão dos EUA.

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