O Majlis, o Parlamento do Irã, censurou ontem o presidente Hassan Rouhani por culpar a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear pela situação do país ao defender a atuação de seu governo no combate à crise econômica.
Relativamente moderado dentro do regime fundamentalista iraniano, Rouhani representa a facção da República Islâmica que pretende manter as relações econômicas com o resto do mundo.
O líder iraniano busca uma resposta pragmática à decisão do presidente Donald Trump de romper o acordo assinado em 2015, no governo Barack Obama, entre as cinco grandes potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, França, Reino Unido e Rússia), a Alemanha e o Irã para congelar o programa nuclear militar iraniano por dez anos.
A moção de censura indica que o presidente está perdendo poder e pode ser alvo de um processo de impeachment. Os ministros do Trabalho e da Economia caíram nas últimas semanas por causa da crise, que tende a se agravar quando as sanções impostas por Trump entrarem em vigor.
Nos últimos meses, houve várias manifestações de protesto, inclusive uma greve no grande bazar de Teerã, a capital do Irã, mas, ao contrário do que aconteceu em 2009, depois da reeleição fraudulenta do presidente linha-dura Mahmoud Ahmadinejad, não há uma oposição organizada.
Se Rouhani for impedido e houver novas eleições, a linha dura tem nova chance de tomar o Poder Executivo num momento importante. O Supremo Líder Espiritual da Revolução Islâmica, aiatolá Ali Khamenei, está com 79 anos.
De qualquer maneira, o rompimento do acordo e as sanções de Trump contribuíram para fortalecer a linha dura e a Guarda Revolucionária Iraniana, o braço armado do regime, que manda cada vez mais no país e tem interesse em fazer a bomba atômica como garantia contra possíveis ataques dos EUA e de Israel.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário