sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Ministro da Justiça dos EUA rebate ataques do presidente Trump

Sob pressão depois que seu ex-advogado e um ex-chefe da campanha eleitoral foram condenados, o presidente Donald Trump atacou ferozmente o secretário da Justiça e procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, por não controlar as investigações. 

Sessions respondeu que enquanto for secretário o Departamento da Justiça "não será influenciado impropriamente por considerações políticas", informou a agência de notícias Associated Press (AP).

Em entrevista à televisão americana Fox News, que apoia o Partido Republicano e o movimento conservador, Trump tentou se defender das acusações de crimes imputadas a ele pelo advogado Michael Cohen. O presidente criticou o instituto da delação premiada, usado especialmente para desmantelar organizações mafiosas, afirmou que os réus mentem para reduzir suas penas.

O pai do advogado pressionou o filho dizendo que não havia sobrevivido ao Holocausto do povo judeu na Segunda Guerra Mundial para ter seu nome manchado por Trump, revelou o jornal The Wall Street Journal.

Foi mais um show do narcisismo de Trump, no estilo depois de mim, o dilúvio. Ele declarou que o impeachment de um presidente que está fazendo um governo tão bom, na opinião dele, "causaria um colapso do mercado" e "todo o mundo ficaria muito pobre".

Trump está furioso com Sessions porque ele se considerou impedido de supervisionar o inquérito sobre a influência indevida da Rússia na eleição presidencial de 2012. Como havia mantido contato com russos, o secretário entendeu corretamente que não poderia se envolver na investigação.

O inquérito ficou sob o controle do subprocurador-geral Rod Rosenstein, outro militante do Partido Republicano. Quando Trump demitiu o diretor-geral do FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal americana, James Comey, em 9 de maio de 2017, Rosenstein decidiu nomear um procurador especial, Robert Mueller, ex-diretor-geral do FBI.

Desde então, Mueller denunciou 34 pessoas e há três obteve a condenação de Paul Manafort, o ex-chefe de campanha de Trump, em oito acusações de fraude fiscal e bancária quando trabalhava para o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, apoiado por Moscou. O advogado-geral da Casa Branca falou com Mueller sem o conhecimento do presidente, sinal de que queria se proteger.

A pedido de Trump, Cohen pagou US$ 130 mil à atriz pornô Stormy Daniels 11 dias antes da eleição e US$ 150 mil à ex-garota da Playboy Karen McDougal para que não revelassem seus casos durante a campanha. Isso é ilegal. O advogado admitiu ter violado a lei de financiamento eleitoral porque o silêncio delas foi comprado para não atrapalhar a eleição de Trump.

Para complicar ainda mais o presidente, o magnata da imprensa David Pecker, dono do National Enquirer, um jornal sensacionalista vendido em supermercados, conseguiu imunidade dos procuradores. Pecker ficou com os direitos de publicação nos dois casos, mas preferiu esconder as histórias para proteger Trump.

Em seus ataques de fúria, Trump acusa a investigação do procurador especial de ser "uma caça às bruxas" conduzida por "democratas raivosos". O desespero de um presidente que sempre se considerou acima da lei é cada vez mais evidente em suas declarações e tuitaços.

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