Sob ameaça de prisão por envolvimento em atividades criminosas, dois líderes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), fugiram para a vizinha Venezuela. As autoridades colombianas procuram descobrir qual a rota de fuga, noticiou hoje a Rádio Caracol.
Na semana passada, soube-se da iminência da prisão de três líderes do antigo grupo guerrilheiro envolvidos em crimes comuns. É comum em processos de paz que guerrilheiros veteranos, que passaram anos na clandestinidade, não consigam se reintegrar à vida civil e entrem para organizações criminosas.
Se mais líderes das FARC forem presos, o histórico acordo de paz assinado em 24 de novembro de 2016 estará ameaçado. É provável que os ex-guerrilheiros presos recentemente tenham dado informações à polícia capazes de incriminar outros companheiros.
Desde a campanha eleitoral, o novo presidente, o conservador Iván Duque, empossado em 7 de agosto deste ano, promete revisar o acordo, especialmente as cláusulas que dão anistia a rebeldes que cometeram crimes de sangue e garantem 5% de vagas no Congresso para ex-guerrilheiros. A pressão sobre as FARC tende a aumentar.
Duque é afilhado político do ex-presidente e atual senador Álvaro Uribe (2002-10), um linha-dura que golpeou duramente a guerrilha, reduzindo significativamente sua ameaça. Seu ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, se tornou presidente e negociou o acordo, rejeitado por Uribe.
Uribe é investigado por ligações com grupos paramilitares de direita conhecidos como Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), que chegou a comparar com as vigilâncias de bairro nos Estados Unidos. Ganhou a guerra, mas não soube fazer a paz.
É muito difícil, praticamente impossível, a volta da guerra civil. Mas há rebeldes que renegaram o acordo e mataram jornalistas equatorianos, em abril de 2018, e outros envolvidos com o crime organizado.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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