No histórico encontro de cúpula de 12 de junho em Cingapura, o presidente Donald Trump prometeu ao ditador Kim Jong Un que os Estados Unidos assinariam um acordo de paz com a Coreia do Norte, pondo fim oficial à Guerra da Coreia (1950-53). Por esta razão, o regime comunista norte-coreano resiste à proposta de aceitar unilateralmente um cronograma de desnuclearização, informou o boletim de notícias Vox.
Depois de Cingapura, o secretário de Estado, Mike Pompeo, tentou pelo menos três vezes impor um cronograma para entregar 60% das armas nucleares dentro de seis a oito meses. A ditadura stalinista de Pyongyang recusou. A Coreia do Norte teria cerca de 65 bombas atômicas e mísseis de longo alcance capazes de atingir os EUA, uma garantia de sobrevivência do regime.
Assim, as negociações estagnaram. Trump vem responsabilizando a China, com que trava uma guerra comercial para reduzir um déficit comercial de US$ 375 bilhões no ano passado. Mas suspendeu a última visita do secretário Pompeo a Pyongyang depois de receber uma carta em tom hostil. Na visão da Coreia do Norte, o presidente americano está renegando o acordo.
A Coreia foi ocupada pelo Japão de 1910 a 1945. Em 9 de agosto de 1945, depois das bombas atômicas em Hiroxima e Nagasaki, a União Soviética de Josef Stalin declarou guerra Japão, ocupou quatro ilhas Kurilas e o Norte da Península Coreana.
Em 1948, quando o mundo estava dividido novamente, dessa vez pela Guerra Fria, surgiram a República Popular Democrática da Coreia (Norte) e a República da Coreia no Sul. Como se vê pelos nomes, ambas reivindicam a soberania sobre toda a península.
A guerra começa em 25 de junho de 1950, quando a Coreia do Norte, liderada pelo Grande Líder Kim Il Sung, invadiu o Sul. Os EUA reagiram em defesa da Coreia do Sul. Como a URSS estava boicotando as Nações Unidas por causa da não admissão da República Popular da China (comunista), o Conselho de Segurança aprovou a guerra, dando aos EUA um mandato para reunificar a Península Coreana.
Quando os EUA cruzaram o paralelo 38º Norte, marco da divisão entre as duas Coreias, em setembro de 1950, o 4º Exército da China, comandado por Lin Piao, cruzou o Rio Yalu e entrou na guerra, empurrando os EUA, Coreia do Sul e aliados para baixo do paralelo 38º N.
Houve uma guerra entre os EUA e a China dentro da Guerra da Coreia, e a China ganhou. Conquistou seu objetivo estratégico de empurrar as forças americanas para longe de sua fronteira com a Coreia do Norte. Cerca de 5 milhões de pessoas morreram.
Até hoje, não foi assinado um acordo de paz definitivo. Historicamente, o Norte sempre se negava a negociar o Sul, chamando-o de fantoche dos EUA. A negociação direta com Washington sempre foi o sonho do regime comunista norte-coreano. Trump concordou, mas não cumpre os termos do acerto verbal feito pelos dois líderes.
O presidente estaria disposto a assinar uma declaração de paz, mas foi contido pelo secretário da Defesa, general James Mattis, e pelo assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, por duas razões.
Primeiro, a Coreia do Norte já fez várias promessas de abandonar seu programa nuclear militar, então os EUA querem ter certeza de que desta vez será para valer. Segundo, encerrada a Guerra da Coreia, o regime comunista de Pyongyang pode exigir a retirada total dos 28,5 mil soldados americanos baseados na Coreia do Sul.
Mesmo que a ameaça nuclear norte-coreana acabe, como prometeu Trump prematuramente, os EUA querem manter sua presença militar na Coreia do Sul por causa da China, a superpotência em ascensão e a grande rival estratégica hoje e no futuro próximo.
Além das armas nucleares, um conflito na Península Coreana pode provocar uma guerra entre os EUA e a China. As concessões que Trump fizer serão observadas com atenção pelo Irã. Uma potência nuclear merece respeito.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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