Na primeira condenação por causa de herbicida a base de glifosato nos Estados Unidos, um júri de São Francisco, no estado da Califórnia, condenou a empresa transnacional de produtos transgênicos Monsanto a pagar uma indenização de US$ 289 milhões (R$ 1,115 bilhão) a Dwayne Johnson, um jardineiro americano de 46 anos com câncer linfático.
Em 2016, Johnson processou a Monsanto alegando que seu linfoma não hodgkiniano é resultado do uso do herbicida Roundup, que contém glicofosato, supostamente cancerígeno. A Justiça lhe deu ganho de causa, responsabilizando a Monsanto por esconder informações a respeito dos riscos de seus produtos.
Maior produtora mundial de sementes transgênicas, a Monsanto, comprada recentemente pela alemã Bayer, é alvo de inúmeras críticas por manobras monopolistas como a obrigação de quem usa suas sementes de usar também seu herbicida, sem falar nos riscos à saúde humana e à natureza dos organismos geneticamente modificados e num passado que remete à Guerra do Vietnã.
A Monsanto era a fabricante do Agente Laranja, o desfolhante usado pelas Forças Armadas dos EUA no Sudeste Asiático. Em comunicado citado pelo jornal Los Angeles Times, a empresa manifestou "toda nossa simpatia ao Sr. Johnson e sua família". Alegou a decisão judicial "não muda o fato de que mais de 800 estudos científicos afirmam que o glifosato não é cancerígeno".
A Agência de Proteção Ambiental dos EUA, totalmente servil a grandes empresas no governo Donald Trump, com chefes que rejeitam o aquecimento global e protegem a indústria do carvão, considera o glifosato inofensivo. Mas a Califórnia o colocou na lista de substâncias cancerígenas e a Organização Mundial da Saúde (OMS) concluiu que "provavelmente seja cancerígeno para seres humanos".
O veredito histórico da Califórnia deve firmar jurisprudência. Deve ser o primeiro de muitos processos de indenização. Vai muito além da Monsanto, com consequências para todo o setor de biotecnologia.
De acordo com a televisão americana CNN, mais de 800 doentes acionaram a Monsanto na Justiça em 2017 declarando haver contraído câncer provocado pelo herbicida Roundup. Ao todo, há 4 mil casos similares em tribunais dos EUA.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
segunda-feira, 13 de agosto de 2018
Califórnia condena Monsanto a pagar US$ 289 milhões a vítima de câncer
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