O advogado Michael Cohen, que há anos defendia Donald Trump em seus negócios privados, confessou ontem sua culpa em oito acusações de fraude bancária e fiscal e violação da lei eleitoral ao pagar duas mulheres para ficarem em silêncio sobre relações sexuais com o atual presidente que poderia prejudicá-lo na campanha. No mesmo dia, um júri popular considerou culpado Paul Manafort, que chegou a ser chefe da campanha de Trump.
Manafort foi condenado em razão dos serviços prestados a Viktor Yanukovich, presidente da Ucrânia aliado da Rússia depois por uma revolta popular em fevereiro de 2014, por fraudes fiscal e bancária ao não declarar o dinheiro ganho no exterior.
Sua sentença não foi decidida, mas aumenta o risco para Trump de que faça uma delação premiada e revele mais detalhes das relações da campanha presidencial com o Kremlin.
Cohen, que pode pegar uma pena de 4 a 5 anos de cadeia, já fez a delação. Ele admitiu ter pago US$ 130 mil à atriz pornô Stormy Daniels e US$ 150 mil à garota da Playboy Karen McDougal “a serviço de um candidato ao governo federal” e reconheceu ter feito isso para influenciar o resultado da eleição.
Pela lei eleitoral americana, o dinheiro teria de ser declarado como verba de campanha.
O presidente mais corrupto da história recente dos Estados Unidos está cada vez mais enrolado com a Justiça. Trump acusou Cohen de inventar sua narrativa para se livrar da prisão. Durante o Escândalo de Watergate, em 1974, Richard Nixon tornou-se o único presidente dos EUA denunciado criminalmente.
A praxe do Departamento da Justiça é que nenhum presidente seja denunciado no exercício do cargo. Ele pode ser processado depois de deixar a Casa Branca. Mas Trump pode ser alvo de um processo de impeachment, se o Partido Democrata reconquistar a maioria na Câmara dos Representantes nas eleições de novembro.
Pela Constituição dos EUA, basta a maioria absoluta da Câmara para denunciar o presidente por crime de responsabilidade e iniciar um julgamento político. Mas a condenação pelo Senado exige dois terços dos votos. Parte da bancada do Partido Republicano teria de se voltar contra o presidente e a revolta é limitada, especialmente porque o apoio a Trump é forte entre o eleitorado republicano.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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