quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Advogado e ex-assessor são condenados e complicam Trump

O advogado Michael Cohen, que há anos defendia Donald Trump em seus negócios privados, confessou ontem sua culpa em oito acusações de fraude bancária e fiscal e violação da lei eleitoral ao pagar duas mulheres para ficarem em silêncio sobre relações sexuais com o atual presidente que poderia prejudicá-lo na campanha. No mesmo dia, um júri popular considerou culpado Paul Manafort, que chegou a ser chefe da campanha de Trump.

Manafort foi condenado em razão dos serviços prestados a Viktor Yanukovich, presidente da Ucrânia aliado da Rússia depois por uma revolta popular em fevereiro de 2014, por fraudes fiscal e bancária ao não declarar o dinheiro ganho no exterior.

Sua sentença não foi decidida, mas aumenta o risco para Trump de que faça uma delação premiada e revele mais detalhes das relações da campanha presidencial com o Kremlin.

Cohen, que pode pegar uma pena de 4 a 5 anos de cadeia, já fez a delação. Ele admitiu ter pago US$ 130 mil à atriz pornô Stormy Daniels e US$ 150 mil à garota da Playboy Karen McDougal “a serviço de um candidato ao governo federal” e reconheceu ter feito isso para influenciar o resultado da eleição.

 Pela lei eleitoral americana, o dinheiro teria de ser declarado como verba de campanha.

O presidente mais corrupto da história recente dos Estados Unidos está cada vez mais enrolado com a Justiça. Trump acusou Cohen de inventar sua narrativa para se livrar da prisão. Durante o Escândalo de Watergate, em 1974, Richard Nixon tornou-se o único presidente dos EUA denunciado criminalmente.

A praxe do Departamento da Justiça é que nenhum presidente seja denunciado no exercício do cargo. Ele pode ser processado depois de deixar a Casa Branca. Mas Trump pode ser alvo de um processo de impeachment, se o Partido Democrata reconquistar a maioria na Câmara dos Representantes nas eleições de novembro.

Pela Constituição dos EUA, basta a maioria absoluta da Câmara para denunciar o presidente por crime de responsabilidade e iniciar um julgamento político. Mas a condenação pelo Senado exige dois terços dos votos. Parte da bancada do Partido Republicano teria de se voltar contra o presidente e a revolta é limitada, especialmente porque o apoio a Trump é forte entre o eleitorado republicano.

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