O reino da Arábia Saudita prometeu US$ 100 milhões para reconstruir áreas do Nordeste da Síria que estavam sob controle da organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, inclusive Rakka, a capital do extinto califado que os extremistas muçulmanos fundaram em 2014.
É a primeira proposta concreta para atender ao desejo do governo Donald Trump de retirar as tropas e o financiamento dos Estados Unidos da guerra civil da Síria e entregar a região tomada dos jihadistas aos países árabes do Golfo Pérsico, liderados pelos sauditas.
Trump quer reduzir o ônus dos EUA na Síria. Hoje, foi revelado que vetou gastos de US$ 200 bilhões destinados ao país. Mas o dinheiro saudita não basta. Os EUA esperam que os países do Golfo ofereçam tropas para ocupar a região.
Neste caso, entrariam em confronto direto com o Exército da Síria e milícias aliadas, que têm o apoio da Rússia e do Irã. Depois de sete anos e cinco meses de guerra civil e mais de 500 mil mortes, o ditador Bachar Assad ainda enfrenta bolsões de resistência na província de Idlibe, no Centro do país, mas pretende reassumir logo o controle de todo o território nacional.
Quando os rebeldes apoiados pela Turquia se renderem, faltará a região Nordeste, dominada pelas Forças Democráticas da Síria (FDS), uma milícia árabe-curda financiada, treinada e armada pelos EUA. Foi a tropa terrestre na guerra contra o Estado Islâmico.
Se os EUA e a Rússia não chegarem a um acordo para levar a paz à Síria, há um sério risco de confronto. Assad vai querer retomar a região. Isso explica por que as monarquias petroleiras do Golfo estão prontas a dar dinheiro, mas relutam em mandar soldados.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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