segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Rei da Arábia Saudita vetou privatização parcial da estatal de petróleo

Nos últimos dois anos, por iniciativa do príncipe-herdeiro, Mohamed ben Salman, a Arábia Saudita preparou a venda de 5% das ações da companhia estatal de petróleo Aramco. A meta era arrecadar US$ 100 bilhões para o plano de modernização Arábia Saudita 2030. Em junho, o sultão Salman ben Abdul Aziz al Saud mandou cancelar a privatização, revelou hoje a agência Reuters.

Seria a maior oferta pública inicial de ações da história. Se chagasse a US$100 bilhões, a empresa estaria avaliada em US$2 trilhões. O rei tomou a decisão depois de ouvir membros da família real, banqueiros e altos executivos do setor de petróleo, inclusive um ex-diretor-geral da Aramco.

A maior advertência desses conselheiros foi que exporia o reino e o buraco negro de seus negócios petrolíferos, sua base de poder. Para ter ações cotadas em bolsas de valores, a empresa teria de revelar suas atividades financeiras em detalhes.

O príncipe Mohamed chegou a desmentir as notícias do cancelamento da privatização, mas todos os analistas acreditam que a palavra do rei é definitiva, apesar de um comitê formado por MbS e os ministros da Energia, da Economia e das Finanças.

É uma perda de poder de jovem príncipe de 32 anos. Desde que assumiu o Ministério da Defesa, em janeiro de 2015, MbS interveio na guerra civil do Iêmen, hoje a mais violenta do mundo, sem conseguir restaurar o governo deposto por rebeldes hutis apoiados pelo Irã. Também promoveu um cerco político, econômico e diplomático ao emirado do Catar, acusando-o de ser próximo do Irã, seu arqui-inimigo.

O príncipe deu às mulheres o direito de dirigir e mandou reabrir os cinemas de seu reino medieval. A Arábia Saudita não está preparada para a modernidade.

Em abril de 2015, Mohamed se tornou o príncipe-herdeiro, destronando o primo Mohamed ben Nayef. Ao se aproximar do governo Donald Trump e mais discretamente de Israel, também arqui-inimigos do regime fundamentalista iraniano, MbS deu a impressão de que aceitaria a decisão americana de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.

"O rei está obscecado pelo julgamento da história", comentou uma das fontes da Reuters. Não quer passar a história como o sultão que entregou Jerusalém e vendeu a Aramco.

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