Pelo terceiro dia seguido, a política enfrentou manifestantes que protestam contra a reforma da lei eleitoral para adiar as eleições previstas para 2016 na República Democrática do Congo, o antigo Congo Belga e ex-Zaire. O governo admite 15 mortes. A oposição fala em muito mais.
Os manifestantes fizeram barricadas de fogo com pneus e atacaram a polícia com pedradas. Em pelo menos um confronto, as forças de segurança teriam reagido com munição real.
A reforma da lei eleitoral foi aprovada pela Câmara dos Deputados em 17 de janeiro de 2015 e deve ser votada no Senado amanhã, 22 de janeiro.
Doze anos depois do fim da Primeira Guerra Mundial Africana (1997-2002), que envolveu exércitos de nove países e centenas de grupos irregulares, e causou mais de 5 milhões de mortes violentas, de fome ou doença, o antigo Congo Belga, um país enorme, riquíssimo em recursos mineiros, situado no coração da África, é um dos maiores exemplos de fracasso e subdesenvolvimento no continente.
"O Congo deveria ser um Brasil, um motor da África Subsaariana em energia hidrelétrica, agricultura e mineração", observa Aly-Khan Satchu, analista de investimentos na África.
Na prática, o Congo é o segundo mais país menos desenvolvido do mundo, depois do Níger. É o maior produtor mundial de cobalto e o maior da África de cobre.
O presidente Joseph Kabila está no poder desde 2001, quando morreu seu pai, Laurent Kabila, companheiro de luta da aventura africana de Che Guevara nos anos 1960s, que derrubou o ditador Joseph Mobutu em 1997.
Mobutu Sese Seko, como gostava de ser chamado, tomou o poder em meio a uma guerra civil em que foi preso e assassinado o grande herói da independência do Congo, Patrice Lumumba, em 1961. A história do país, brutalmente explorado pelo rei Leopoldo II, da Bélgica, no início do século, é uma tragédia atrás da outra.
Um possível candidato de oposição é Moise Katumbi, governador da rica província de Katanga e dono do clube de futebol Mazembe, que derrotou o Internacional no Mundial de Clubes em Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos.
Ex-aliado de Kabila, Katumbi é um dos homens mais populares do país e um dos representantes da elite que gostaria de se livrar da dinastia dos Kabila. Em entrevista ao jornal inglês Financial Times na semana passada, ele falou como candidato: "O Congo é o elefante da África. No momento, é um elefante morto. Temos de levantar este para ir em frente."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
Polícia enfrenta manifestantes na República Democrática do Congo
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