O chaveiro que abriu a porta do apartamento do promotor Alberto Nisman, encontrado morto no domingo em casa em Buenos Aires, declarou que "a porta de serviço estava aberta", ao contrário do que diz a versão oficial de suicídio defendida pelo governo da Argentina, de que a residência estava trancada por dentro. Havia ainda um terceiro acesso. "Qualquer um poderia entrar."
Nisman denunciou na semana passada a presidente Cristina Kirchner e o ministro do Exterior, Héctor Timerman, de acobertar os responsáveis pelo atentado terrorista contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), em 18 de julho de 1994, quando 85 pessoas morreram e outras 300 saíram feridas. Na segunda-feira, apresentaria suas conclusões à Comissão de Legislação Penal da Câmara dos Deputados.
As acusações recaíram sobre o regime teocrático do Irã e a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus), sua aliada. Em 27 de janeiro de 2013, o Dia da Libertação de Auschwitz, a Argentina assinou um memorando de entendimento com o governo iraniano para formar uma comissão mista e revisar todo o caso.
No mesmo ano, Nisman denunciou em relatório de 502 páginas a existência de uma rede terrorista criada pelo Irã na América Latina desde os anos 1980s estendendo-se pela Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai, Chile, Colômbia, Guiana, Suriname e Trinidad-Tobago.
Essa aproximação iniciada pelo falecido presidente venezuelano Hugo Chávez trazia a promessa de compra de trigo e cereais argentinos pelos iranianos, que por sua vez venderiam petróleo à Argentina.
Ontem o presidente da Corte Suprema de Justiça da Argentina, ministro Ricardo Lorenzetti, encontrou-se com a juíza Fabiana Palmaghini para dar todo o apoio do Poder Judiciário à investigação. Ela estava em férias no Brasil na semana passada. Voltou rapidamente porque o processo caiu na sua vara.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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