Com a retirada das forças internacionais da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e seus aliados, os 350 mil soldados das Forças Armadas do Afeganistão passam a ser os únicos responsáveis pela guerra contra a milícia fundamentalista dos Talebã (Estudantes). Ficam no país cerca de 13 mil soldados estrangeiros, a maioria dos Estados Unidos, para missões de treinamento e, se necessário, de combate ao terrorismo.
Nos últimos dois anos, as forças de segurança afegãs estavam na linha de frente. A retirada do Afeganistão, a mais longa guerra da história dos EUA, era uma promessa da primeira campanha eleitoral do presidente Barack Obama, em 2008.
O Afeganistão foi desestabilizado pela invasão soviética de 26 de dezembro de 1979. A União Soviética só conseguiu controlar as grandes cidades. Logo, teve de enfrentar guerrilheiros árabes armados, treinados e financiados pelos EUA, a Arábia Saudita, a China e o Paquistão.
Dez anos depois, a retirada soviética deixa um vácuo de poder que se acentuou com a queda e execução sumária de Mohamed Najibullah, o último dirigente instalado por Moscou, em 1992. Em meio à total anarquia e violência, com o país disputado entre senhores da guerra, surgiu em 1994 a Milícia dos Talebã, com o apoio do serviço secreto das Forças Armadas do Paquistão.
Em 1996, os Talebã tomaram o poder em Cabul e instalaram seu emirado islâmico, que acolhia a rede terrorista Al Caeda, nascida em 1988 entre as forças que lutaram contra a invasão soviética. Depois dos atentados terroristas contras as embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia, em agosto de 1998, o presidente Bill Clinton bombardeou as bases d'al Caeda no Afeganistão, mas não foi além disso.
Os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos EUA seriam a resposta da rede liderada por Ossama ben Laden aos bombardeios americanos. Menos de um mês depois, em 7 de outubro, começava a mais longa guerra da história dos EUA.
Com a fuga dos líderes d'al Caeda que conseguiram escapar do cerco de Tora Bora e se refugiar no Paquistão, em dezembro de 2011, o então presidente George W. Bush desviou a atenção e os recursos para a invasão do Iraque. Isso permitiu a rearticulação dos Talebã.
Quando Obama chegou à Casa Branca, primeiro aumentou o contingente americano para cerca de 130 mil soldados numa tentativa de fortalecer o governo afegão para negociar uma paz definitiva com setores islamitas mais moderados.
A negociação com os Talebã não prosperou, mas agora tem um governo de união nacional entre os dois candidatos mais votados nas eleições presidenciais de 2014, o presidente Achraf Ghani Ahmadzai e o primeiro-ministro Abdullah Abdullah, uma base política sólida para enfrentar os jihadistas. Os EUA e seus aliados vão continuar financiando as forças de segurança do Afeganistão.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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