sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Ex-governador de NY Mario Cuomo morre aos 82 anos

O ex-governador de Nova York Mario Cuomo morreu do coração ontem aos 82 anos, seis horas depois de seu filho Andrew Cuomo ser empossado para um segundo mandato como governador do estado. Cuomo, o pai, nunca concorreu à Casa Branca, mas foi uma voz importante da oposição liberal durante os governos de Ronald Reagan (1981-89) e George H. W. Bush (1989-93).

A posse estava marcada para a capital do estado, Albany. Foi transferida para a Cidade de Nova York a pedido do governador para que ele pudesse passar a entrada de ano ao lado do pai: "Ele não pode estar aqui fisicamente hoje, mas meu pai está nesta sala", declarou Andrew Cuomo no discurso.

Mario Cuomo foi eleito pela primeira vez para o cargo em 1982. Foi governador de Nova York por três mandatos, tornando-se o democrata que governou um estado por mais tempo na história dos EUA. Ele nasceu no bairro nova-iorquino do Queens, em 1932. Tanto o pai quanto a mãe eram descendentes de italianos.

Seu pai, Andrea Cuomo, nasceu no Brooklyn, mas a família voltou para a Itália. Lá, ele se casou com Immaculata, em 1925, e o casal emigrou para os EUA, onde abriu um armazém no Queens.

Inteligente e estudioso, Mario Cuomo estudou inglês, filosofia e direito, além de jogar beisebol. Um acidente com uma bola que provocou um coágulo no cérebro abortou a carreira de esportista e abriu caminho para a política.

Durante a faculdade, Mario Cuomo se casou com Matilfa Raffa. O governador Andrew, nascido em 1957, é o segundo filho do casal. Em 1958, Mario Cuomo entrou para um escritório de advocacia.

Na política, ele perdeu a disputa interna do Partido Democrata para concorrer a vice-governador em 1974 e prefeito de Nova York em 1977. Em 1978, ele foi eleito vice-governador, o que o colocou em posição para se tornar governador em 1982.

Sua estreia no cenário político nacional foi em 1984, quando Cuomo fez um brilhante discurso contra as políticas neoliberais do então presidente Ronald Reagan. Ele chegou a ser cotado para candidato a vice, mas Walter Mondale preferiu uma mulher, Geraldine Ferraro, sem sucesso. Reagan ganhou em todos os estados. Só perdeu no Distrito de Colúmbia.

Ficou o discurso de Cuomo: "Há desespero, Senhor Presidente, nas faces que você não vê nos lugares que não visita de sua cidade reluzente. (...) Senhor Presidente, você deve saber que esta nação é mais uma história de duas cidades do que de apenas uma cidade reluzente no alto da colina."

Seu nome entrou nas bolsas de apostas para a Casa Branca em 1988, mas Cuomo optou pela reeleição em Nova York em 1986, quando obteve uma vitória consagradora. Em 1990, concorreu a um terceiro mandato como governador. Em 1992, mais uma vez, foi cotado para a Casa Branca. Terminou não disputando a candidatura democrata. Sua hesitação lhe valeu o apelido de Hamlet do Rio Hudson.

Como governador, Cuomo cortou gastos públicos e aumentou impostos para equilibrar o orçamento, mas criticou as políticas de Reagan defendendo o uso da recursos públicos para habitação, escolas e proteção ambiental. Gostava de se descrever como um "progressista pragmático".

Em 1993, Cuomo chegou a ser sondado por Clinton para assumir uma vaga na Suprema Corte. Preferiu declinar: "Ser um ministro da Suprema Corte, sentar lá, ouvir, estudar, concluir e tomar decisões sem ter de se preocupar com pesquisas, nada seria mais perfeito", declarou. Ao mesmo tempo, ele não teria a mesma liberdade para se manifestar sobre as questões de interesse público.

Entre as suas posições liberais, está a luta contra a pena de morte, que lhe custou a eleição estadual de 1994, quando o republicano George Pataki centrou sua campanha em cortes de impostos e a volta da pena de morte.

Depois da derrota, Cuomo trabalhou como advogado. Voltou à política para promover a carreira do filho governador de Nova York, sempre um candidato em potencial à Casa Branca.

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