Os rebeldes pró-Rússia da autoproclamada República Popular de Donetsk afirmaram hoje que 89% dos eleitores aprovaram a independência de sua região no Leste da Ucrânia, embora nem o Kremlin reconheça a legitimidade da consulta popular.
Também houve votação em Luhansk, onde os separatistas aliados a Moscou também organizaram o referendo, realizaram a votação, apuraram o resultado e se declararam vencedores. Agora, tanto em Donetsk quanto em Luhansk, pretendem formar seus próprios exércitos e declarar os ucranianos estrangeiros.
Talvez não seja suficiente para tomar o poder, mas vai atrapalhar ou até inviabilizar as eleições parlamentares e presidencial convocadas para 25 de maio na Ucrânia.
Pelos dados do comitê eleitoral de Donetsk, que não tem a menor credibilidade, 75% dos 3 milhões de eleitores aptos a votar compareceram às urnas hoje. Os números contrariam inteiramente as pesquisas de opinião realizadas no Leste da Ucrânia, onde cerca de 70% dos entrevistados manifestaram a intenção de permanecer sendo ucranianos.
A revolta da minoria russa, insuflada diretamente pelo homem-forte do Kremlin, Vladimir Putin, começou depois da queda do presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, em fevereiro de 2014. No fim daquele mês, milicianos russos ocuparam o Parlamento Regional da Crimeia e convocaram um referendo que, em 16 de março, aprovou a anexação à Rússia.
No início de abril, o movimento chegou ao Leste da Ucrânia, onde a maioria da população é étnica e linguisticamente russa, mas, de acordo com as pesquisas, não quer aderir à Rússia.
Depois de fomentar a revolta para desestabilizar o governo provisório da Ucrânia e sabotar as eleições convocadas para 25 de maio, na semana passada, Putin desautorizou os referendos convocados pelos separatistas. Como quer manter a influência sobre toda a Ucrânia, especialmente sobre Kiev, o presidente da Rússia não tem interesse na divisão do país além da anexação da Crimeia.
Os Estados Unidos lamentaram que a Rússia não tenha usado sua influência sobre os rebeldes para evitar a realização dos referendos. Tropas russas voltaram a se concentrar junto à fronteira da Ucrânia, algumas com uniforme das forças de paz das Nações Unidas.
Só o Conselho de Segurança da ONU podem autorizar o envio de missões de paz. Se os russos invadirem sem aprovação da ONU, será uma intervenção militar.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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