Ao presidir hoje em Moscou o desfile militar comemorativo da vitória da União Soviética sobre a Alemanha na Segunda Guerra Mundial, o presidente Vladimir Putin destacou a "força triunfal do patriotismo russo", lembrando o papel decisivo do Exército Vermelho.
Putin afirmou que a Rússia salvou a Europa do nazismo. Cerca de 27 milhões de soviéticos morreram na guerra, mas o apoio dos Estados Unidos e do Reino Unido foi determinante para garantir suprimentos, armas e munições à URSS.
Em seguida, Putin fez sua primeira visita à Crimeia desde que a península foi anexada à Rússia, em 17 de março de 2014. Lá, fez mais um de seus pronunciamentos ficcionistas afirmando que "tratamos todos os povos e países com respeito. Respeitamos seus interesses e direitos legais. Mas pedimos que todos tratem nossos interesses legais, inclusive a restauração de injustiças históricas e o direito à autodeterminação da mesma maneira".
Mesmo que a Crimeia tenha pertencido historicamente à Rússia desde que foi conquistada por Catarina a Grande, em 1783, foi doada pelo líder comunista soviético Nikita Kruschev à Ucrânia em 1954. Putin atropelou as regras básicas do sistema internacional ao ignorar a independência ucraniana e o Memorial de Budapeste, assinado em 1994, para que a Rússia ficasse com todas as armas nucleares da extinta URSS.
Em artigo nO Globo de sábado, Monica Herz e João Nogueira, diretores do Instituto de Relações Internacionais da PUC-RJ, consideraram inaceitável a violação de fronteiras internacionalmente reconhecidas, da soberania nacional da Ucrânia e do princípio da Carta das Nações Unidas que proíbe a guerra de conquista.
É uma vergonha o silêncio do governo brasileiro sobre a atuação abusiva da Rússia, que desrespeitou pontos-chaves da política externa do Brasil, como a solução pacífica dos conflitos, a soberania nacional e a não interferência nos assuntos internos de outros países.
A presidente Dilma Rousseff não quer melindrar o presidente russo para que Putin venha à Copa do Mundo e participe de uma reunião do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) marcada para Fortaleza em 15 e 16 de julho de 2014, logo depois do mundial de futebol. É um preço alto demais a pagar por uma aliança incerta.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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