quarta-feira, 7 de maio de 2014

Putin agora quer adiar referendos no Leste da Ucrânia

Depois de levar a Ucrânia à beira da guerra, o presidente Vladimir Putin recuou hoje: defendeu o adiamento dos plebiscito convocado para 11 de maio de 2014 sobre a independência da autoproclamada República Popular de Donetsk e outras cidades rebeladas, diminuiu os ataques à eleição presidencial de 25 de maio e afirmou que as tropas russas foram retiradas da fronteira entre os dois países. Os rebeldes prometem manter a consulta popular.

Dezenas de pessoas morreram nas revoltas insufladas pelo Kremlin há um mês no Leste e no Sul da ex-república soviética da Ucrânia, que Moscou insiste em manter sob seu controle. Os Estados Unidos disseram não ter evidências de que as forças russas estejam mesmo se desmobilizando.

Putin mudou de tática, mas não de objetivo estratégico: manter a influência da Rússia sobre toda a Ucrânia, sobre Kiev, que ele chamou de "mãe de todas as cidades russas" no discurso de anexação da Crimeia, em 17 de março de 2014.

O primeiro documento oficial da história russa é uma carta de Vladimir, príncipe de Kiev, adotando o cristianismo como religião oficial do que hoje se chama de Rússia Kievana. A Rússia nasceu em Kiev.

Assim, é pouco provável que Putin esteja interessado em partes da Ucrânia além da Crimeia, que pertencia à Rússia até 1954, quando foi doada pelo então secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, o ucraniano Nikita Kruschev, porque isso não teria a menor importância. Na época, o fim da URSS era inimaginável.

Ao adiar os referendos, Putin ganha munição para retardar também as eleições parlamentares e presidencial marcadas para 25 de maio. Seu instrumento para manter a influência é uma federalização da Ucrânia, uma descentralização administrativa que esvaziaria o poder central.

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