Como era previsto nestes tempos de crise, os partidos de extrema direita contrários ao projeto de integração da Europa foram os grandes vencedores das eleições para o Parlamento Europeu, de 751 cadeiras, realizadas de quinta-feira até este domingo, no Reino Unido, na França e na Dinamarca, e avançaram em outros dos países da União Europeia.
O bloco conservador de centro-direita - que reúne, por exemplo, a União Democrata-Cristã (CDU) da primeira-ministra alemã Angela Merkel, o Partido Conservador do primeiro-ministro britânico David Cameron e a União por um Movimento Popular do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy - continuará sendo majoritário, com 212 eurodeputados.
Com 186 deputados, a bancada socialista será a segunda maior. Ao todo, os partidos de centro-direita e centro-esquerda que governam a maioria dos países europeus teram 398 eurodeputados, mais da metade. Mas foi o avanço da ultradireita, com 80 deputados, a grande novidade desta eleição. Isso que não significa que a extrema direita vai conseguir formar um bloco. Sua agenda em relação à UE é inteiramente negativa.
Depois, vem os blocos menores: liberais, com 70 cadeiras; ecologistas, com 55; e esquerda radical, com 43. Outros 105 eurodeputados têm diferentes afiliações.
Na França, onde a votação foi hoje, a Frente Nacional, neofascista, obteve 25% dos votos, um salto em relação 18% obtidos por sua líder, Marine Le Pen, no primeiro turno da eleição presidencial de 2012, enquanto o Partido Socialista teve apenas 14,3% dos votos. Com os grupos mais radicais, as esquerdas somaram 33%.
A FN conquistou 30% dos votos dos eleitores de menos de 35 anos, 38% dos votos dos empregados e 43% entre os operários.
O presidente socialista François Hollande convocou uma reunião de emergência do governo para amanhã. Depois de afirmar que a situação é "muito séria", o primeiro-ministro Manuel Valls acenou com a possibilidade de cortar impostos. Não é exatamente uma solução socialista.
O governo francês está acuado pela crise econômica. Não consegue acelerar o crescimento econômico nem reduzir o desemprego. A insatisfação se expressou nas urnas.
Na Alemanha, ganhou a CDU de Merkel, com 36%, seguida do Partido Social-Democrata (SPD), parceiro na grande coalizão de governo, mas surgiu um novo partido eurocético. Com 7% dos votos, a Alternativa para a Alemanha superou a barreira de 5% existente na lei eleitoral do país para barrar a volta dos nazistas ao Parlamento Federal. Isso levará a primeira-ministra conservadora a cogitar a devolução de poderes a Berlim, repatriando competências transferidas para a comunidade.
No Reino Unido, foi a primeira vez em décadas que nem o Partido Conservador nem o Partido Trabalhista ganharam as eleições. A vitória, com 28% dos votos, coube ao Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), liderado por Nigel Farage, que quer abandonar a UE, provocando um prometido terremoto político, observa o jornal inglês The Guardian.
A vitória do partido antieuropeu reforça a posição dos eurocéticos no referendo sobre a permanência ou não na UE, prometido pelo primeiro-ministro David Cameron para 2017.
Na Grécia, o país mais atingido pela crise das dívidas públicas da periferia da Zona do Euro, o voto de protesto foi para o partido de extrema esquerda Syriza.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
domingo, 25 de maio de 2014
Ultradireita avança nas eleições para Parlamento Europeu
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