Num degelo nas relações de duas potências regionais do Oriente Médio, o ministro do Exterior da Arábia Saudita, príncipe Saud al-Faissal, anunciou ontem ter convidado seu colega do Irã, Mohamed Javad Zarif, a visitar o país. O Irã aceitou.
A relação entre os dois países é das mais hostis da região. Guardiã das cidades sagradas de Meca e Medina, a Arábia Saudita se considera centro e guia do mundo árabe, e sua corrente dentro do islamismo, o puritano wahabismo, como a única interpretação do Islã. É a principal fonte do sunismo.
O Irã, por sua vez, é um país de maioria xiita que fez uma revolução islâmica e hostilizou durante anos o reino medieval que tem milhares de príncipes, alguns dos quais financiavam a rede terrorista Al Caeda.
Nos documentos sigilosos do Departamento de Estado vazados pelo sítio de Internet WikiLeaks, uma das revelações mais bombásticas foram apelos do rei da Arábia Saudita para que os Estados Unidos atacassem o Irã para neutralizar seu programa nuclear.
Diante da reaproximação EUA-Irã, os sauditas optaram por retomar o diálogo interrompido desde a ascensão dos aiatolás e agravado recentemente pela guerra civil na Síria, onde a república islâmica apoia a ditadura de Bachar Assad e a Arábia Saudita financia grupos rebeldes.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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